Após carta de Trump, Lula convoca reunião de emergência e diz que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém”

Encontro teve como pauta única traçar uma resposta coordenada, avaliando desde medidas legais de reciprocidade até estratégias diplomáticas para mitigar o impacto das tarifas.
Após carta de Trump, Lula convoca reunião de emergência e diz que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém”
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu em caráter de urgência, nesta quarta-feira (9), seu gabinete ministerial no Palácio do Planalto para debater as tarifas de 50% que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou horas antes sobre produtos brasileiros. A informação foi reportada pelo portal UOL.

Composição da reunião

Confirmaram presença na convocação:

  • Mauro Vieira (Relações Exteriores)
  • Fernando Haddad (Economia)
  • Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio)
  • Rui Costa (Casa Civil)

O objetivo, segundo apuração, é formular uma resposta coordenada às medidas anunciadas por Trump, que unem críticas ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e acusações de “relações comerciais muito injustas” com o Brasil.

O anúncio de Trump

Em carta enviada a Lula e divulgada em sua rede social Truth Social, Trump classificou a relação bilateral como “longe de ser recíproca” e afirmou que:

“Se por alguma razão você decidir elevar tarifas, então, sem importar o número, acrescentarei 50%.”

O presidente americano também se referiu ao processo que investiga Bolsonaro por suposto envolvimento em golpe de Estado, chamando-o de “caceria de brujas” e “vergüenza internacional”. Criticou ainda “secretas e ilegais ordens de censura” contra redes sociais dos EUA, que, segundo ele, geraram multas milionárias.

Reação de Lula no X

Na noite de hoje, Lula publicou em sua conta oficial (@LulaOficial) uma nota reafirmando pontos-chave:

  1. Soberania nacional: “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.”
  2. Competência da Justiça: “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça Brasileira.”
  3. Liberdade de expressão: “Não se confunde com agressão ou práticas violentas; todas as empresas estão submetidas à legislação brasileira.”
  4. Déficit comercial: “É falsa a informação sobre déficit dos EUA com o Brasil; dados oficiais apontam superávit de US$ 410 bilhões em 15 anos.”
  5. Reciprocidade econômica: “Qualquer medida unilateral de elevação de tarifas será respondida à luz da Lei de Reciprocidade Econômica.”
  6. Valores nacionais: “A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo.”

Tensões e desdobramentos

A tensão entre Brasília e Washington se intensificou nos últimos dias, após Trump ameaçar aplicar tarifas a países que comercializem com os membros do BRICS, acusando o bloco de ter uma agenda “antiestadounidense”. Lula reagiu, dizendo que não é “responsável ou sério que um presidente do tamanho dos EUA ameace o mundo pela internet” e ressaltou:

“Cada nação é dona de seu próprio destino. [Trump] precisa saber que o mundo mudou e que não queremos um imperador.”

Com a vigência das tarifas marcada para 1º de agosto, o Planalto terá poucas semanas para definir suas contramedidas, que podem incluir medidas legais, diplomáticas e comerciais. A reação oficial do governo, mais detalhada, deverá ser divulgada ao término das reuniões em curso.

A forma como Lula e sua equipe negociarão com Washington, apoiados pelos princípios de reciprocidade e defesa de interesses nacionais, será determinante para o futuro das exportações brasileiras e para o equilíbrio nas relações bilaterais.

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