Resumo da Notícia
O calendário não perdoa: falta apenas um ano para que o Rio Grande do Norte volte às urnas e escolha seu próximo governador, dois senadores e toda a representação legislativa. Nesse intervalo, cada gesto, cada declaração e cada aliança ganha contornos de movimento estratégico. Não é exagero dizer que, em 2025, já estamos vivendo os primeiros capítulos de 2026.
O grupo da governadora Fátima Bezerra (PT) enfrenta o maior dilema: como manter o projeto após duas gestões consecutivas? O nome lançado é o de Cadu Xavier (PT), atual secretário da Fazenda. Técnico respeitado, mas político pouco conhecido fora da máquina, ele ainda não conseguiu transformar o apoio de Fátima em competitividade eleitoral.
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Nos bastidores, ninguém descarta a substituição por Walter Alves (MDB), vice-governador que assumirá o Executivo em abril de 2026 com a saída de Fátima para disputar o Senado. Oficialmente, Walter repete que não é candidato. Mas no RN, a frase “não sou candidato” sempre vem carregada de reticências. Se o PT perceber que Cadu não decola, a convocação será inevitável — e difícil de recusar.
A oposição e sua velha fragmentação
No campo da oposição, duas figuras se colocam de forma explícita: Rogério Marinho (PL) e Álvaro Dias (Republicanos). Rogério carrega a bandeira do bolsonarismo potiguar, fortalecido pela vitória ao Senado em 2022. Álvaro, ex-prefeito de Natal, tenta apresentar-se como alternativa de centro-direita, mas carrega o peso de resistências internas e de um eleitorado restrito à capital.
Há articulações para que os dois não dividam forças. A solução defendida por muitos: Rogério disputar o governo e Álvaro migrar para o Senado. Mas Álvaro insiste na candidatura ao Executivo, alimentando o risco de racha. Essa insistência pode ser interpretada como barganha por espaço futuro, mas, enquanto isso, deixa o campo oposicionista sem clareza.
A terceira via de Allyson Bezerra
Se há um nome que desafia as lógicas tradicionais da política potiguar, é o de Allyson Bezerra (União Brasil). Reeleito prefeito de Mossoró em 2024 com mais de 78% dos votos, ele surge como fenômeno eleitoral. Jovem, de origem popular e com discurso de renovação, aparece nas pesquisas em posição de destaque, muitas vezes à frente dos demais.
Allyson já comunicou a aliados que deixará a prefeitura em abril para disputar o governo. A aposta é ousada: abrir mão de um mandato consolidado para se arriscar em voo estadual. Mas a confiança vem do peso de Mossoró como segundo maior colégio eleitoral e da força de alianças. Ao lado da senadora Zenaide Maia (PSD) e do deputado João Maia (PP), Allyson tenta expandir sua influência para o Seridó e a Grande Natal.
Essa movimentação já reconfigurou o tabuleiro: Zenaide, antes aliada de Fátima, rompeu com o PT para caminhar com Allyson. O gesto não é simbólico, é estratégico. Mostra que a senadora enxerga nele uma via real de poder.
O Senado: onde o jogo se decide
Talvez mais imprevisível que a disputa pelo governo seja a corrida pelas duas vagas do Senado. Styvenson Valentim (PSDB) é candidato à reeleição e mantém alta popularidade com o discurso independente. Zenaide Maia (PSD) luta pela sobrevivência política, agora em nova aliança. E Fátima Bezerra (PT) entra na disputa com recall e musculatura de governadora reeleita.
Nesse cenário, o nome de Carlos Eduardo Alves (PSD) volta ao radar. Derrotado em 2022, ele é visto como peça-chave para compor chapa com Fátima. O cálculo é simples: garantir o “segundo voto” do eleitor lulista e evitar dispersão. Se confirmado, o movimento pode ser fatal para Zenaide.
A disputa pelo Senado, portanto, é mais que uma corrida individual. É o palco onde alianças se definem e onde as escolhas para o governo podem ser seladas.
A memória de 2022 como aviso
As eleições de 2022 ainda ecoam como alerta. Fátima venceu no primeiro turno com mais de 58% dos votos. A oposição se fragmentou, e cada grupo saiu menor. Rogério Marinho, por sua vez, mostrou que sabe jogar: derrotou Carlos Eduardo no Senado com quase 42%. A lição é clara: quem não compõe palanques fortes corre o risco de repetir erros.
Um RN em ebulição
O Rio Grande do Norte entra no ano pré-eleitoral com quatro pré-candidaturas ao governo e uma disputa pelo Senado que promete ser explosiva. Cadu Xavier busca se viabilizar, Walter Alves espera a convocação, Rogério Marinho e Álvaro Dias duelam pelo mesmo espaço, e Allyson Bezerra surge como nome capaz de desestabilizar todos os cálculos.
Enquanto isso, no Senado, a presença de Fátima Bezerra transforma tudo: coloca Zenaide Maia contra a parede, ameaça a estratégia de Styvenson e devolve protagonismo a Carlos Eduardo Alves.
O RN, mais uma vez, mostra que suas eleições nunca são lineares. São um tabuleiro de xadrez onde cada peça tem mais de um movimento possível — e onde o tempo, implacável, começa a apertar o relógio.
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