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Dengue: por que pacientes com sintomas podem testar negativo para o vírus?

Especialista do CEUB explica a influência do período da infecção, do limite de detecção do teste, isolamento viral, enzimas e da temperatura.

Febre, dor de cabeça forte, dor atrás dos olhos, vômitos e manchas vermelhas na pele podem não ser suficientes para um teste de dengue positivo. Essa situação, aparentemente paradoxal, foi esclarecida em detalhes por Gil Amaro, professor de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília e mestre em Biologia Molecular, em uma entrevista concedida ao N10 Notícias.

Cada fase da doença tem um exame específico. Os testes para o período dos sintomas são o RT-PCR, o do Antígeno NS1 ou o de Isolamento Viral. Se a pessoa usar os testes de Anticorpo IgG/IgM no período de sintomas, o resultado será negativo, porque esse teste IgG/IgM é para outra fase da doença“, explicou Amaro.

Além disso, ele ressaltou que “todo exame tem um limite de detecção, sensibilidade e especificidade. As configurações de ciclo, enzimas e temperaturas no teste RT-PCR podem diminuir a especificidade, afetar o limite de detecção e dar falso negativo“.

Ainda sobre a complexidade dos diagnósticos, Amaro detalhou que a parte pré-analítica também pode influenciar a qualidade da amostra, dificultando a detecção. “Laboratórios com certificações e acreditações têm chance maior de acertar no exame“, comentou o professor.

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Questionado sobre a variedade de testes disponíveis e a possibilidade de falsos negativos, Amaro explicou que “o padrão é procurar o vírus da dengue ou os anticorpos gerados contra ele no sangue. Situações especiais usam outros fluídos do corpo como saliva, sêmen, urina, líquor ou líquido amniótico. Tem mais de um tipo de exame e cada exame funciona bem em uma fase da doença. Como todo teste tem um limite de detecção, uma sensibilidade e uma especificidade, há uma chance pequena de falsos negativos, mesmo usando o teste correto de cada fase da doença“.

Além dos desafios técnicos, até a temperatura de armazenamento do sangue coletado pode afetar a precisão dos testes. “A ciência está em constante melhoria e os testes são otimizados ano a ano para ficarem mais efetivos, acertando quando tem e quando não tem a doença“, afirmou o especialista.

Para aqueles que testam negativo mas apresentam todos os sintomas de dengue, Amaro sugere uma avaliação clínica detalhada: “A orientação é procurar as unidades de saúde para avaliação do vínculo-epidemiológico que determina dengue. Outros exames podem determinar a suspeita de dengue e, até mesmo, classificar o grupo de estadiamento (A, B, C ou D), que vai do mais leve até o mais grave“.

Finalmente, sobre o risco do autodiagnóstico, ele alerta: “O autodiagnóstico é perigoso porque toda infecção por dengue gera perda de líquido dos órgãos e essa perda é mais comum que a hemorragia, podendo agravar. O autodiagnóstico não consegue avaliar o corpo no nível que os exames de sangue fazem. Além disso, há grupos de risco: pessoas com situações específicas ou doenças que, se contraírem dengue, têm chance maior de evoluir para casos graves“.

Essa abordagem detalhada revela a complexidade do diagnóstico de dengue e a importância de um manejo clínico adequado para evitar complicações ou diagnósticos incorretos.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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