Hezbollah no Brasil? Especialista analisa ameaças terroristas pós-operação Trapiche

A ação da Polícia Federal do Brasil no combate ao terrorismo ganhou destaque com a recente operação Trapiche, resultando na prisão de dois suspeitos com alegadas ligações ao grupo armado libanês Hezbollah. Esta operação intensifica o debate sobre a segurança nacional e a presença de atividades terroristas no país.

Numa quarta-feira (8) marcada por diligências, a Polícia Federal executou 11 mandados de busca e apreensão em três estados brasileiros. “A operação tem o objetivo de interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país” declara em nota a PF.

A relevância deste fato ressoa no cenário internacional, já que indica uma possível expansão das operações de grupos extremistas para a América do Sul. A preocupação se amplia com a informação de que os suspeitos realizaram viagens recentes a Beirute, o que pode sugerir conexões diretas com o núcleo da organização.

Para entender melhor as implicações dessa operação e os riscos associados, o N10 conversou com Daniel Schnaider, veterano da  8200 – Unidade de Inteligência do Exército de Israel. Confira:

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N10: Quais são as estratégias desses grupos terroristas? E quais são as estratégias que devem ser tomadas pelas autoridades daqui pra frente?

DS:A estratégia desses grupos terroristas é instalar o caos, para forçar os governos a tomarem atitudes que os beneficiam. Neste caso, é para pressionar a cessar fogo e culpabilizar Israel. Se for comprovado que os suspeitos presos aqui no Brasil são organizações financiadas ou orquestradas pelo Hezbollah, a mensagem deve ser muito clara e incisiva, que devemos nos juntar às sanções do oeste, esfriar relações diplomáticas, dar preferência na importação e exportação de outros estados, e passar uma mensagem inequívoca que o estado brasileiro não vai ser usado como uma extensão do conflito.”

N10: Como podemos saber se tem outras pessoas, outras células, investindo em planejamentos terroristas pelo mundo e pelo Brasil?

DS:Não temos dúvidas que existem muitas dessas células. Toda ideia do Jihad e islã fundamentalista é a descentralização e isso confunde muita gente, pois o que define a Al-Qaeda, Hamas, Hezbollah, Boko-Haram entre outros? São ações descentralizadas das ideais fundamentalistas. Então diferente da Segunda Guerra Mundial, nazistas com governo e estrutura, eles pregam que cada seguidor é uma unidade por si só. Esse contexto gera ações que instalam o caos de forma desordenada, mesmo que seja com o mesmo objetivo.”

N10: Isso é uma ameaça ao povo judeu pelo mundo? E às outras comunidades?

DS:Sim, isso é uma ameaça ao povo judeu. Principalmente, quando se trata da data de 09/11, o que traz lembranças para os israelenses do que chamamos de ‘Noite dos Cristais’, em 1938, onde quebram tudo e houve o ataque que prenderam 30 mil judeus e 60 foram mortos. Acreditamos que estamos vivendo algo parecido, porque existe um entendimento muito equivocado sobre o conflito sendo disseminado. Por isso, a comunidade está em alerta, os anúncios dizem para que judeus não saiam dos países onde estão, porque o mundo não está seguro para nenhum de nós. Isto é sério, porque um país que não é capaz de proteger sua minoria judaica, não é capaz de proteger suas mulheres, a comunidade LGBTQIAP+, os negros e outras minorias. Diferente do que muitos pensam, uma vez que uma minoria é atingida, isso apenas mostra que as outras também estão vulneráveis.”

N10: Como isso pode impactar outras comunidades como de evangélicos, cristãos, entre outras?

DS:Principalmente os evangélicos que têm uma proximidade natural com o povo judaico, por questões de cultura e valores, poderiam ser alvos para criar uma separação entre essa afinidade, portanto, eles estão, ao meu entender, mais expostos. Ou mesmo contornando essa forma de pensar, poderiam aproveitar que os outros tipos de cristãos (católicos, umbandistas, etc.) já tiveram um pensamento antagônico da comunidade judaica, e criar uma tensão para como nos velhos tempos, jogá-los contra Israel e o povo judaico. É fundamental que os líderes religiosos saiam em proteção pública ao povo judaico, e saibam separar entre um conflito no oriente médio com nossa vida pacífica aqui no Brasil.”

A entrevista com Daniel Schnaider denota uma preocupação emergente sobre a segurança nacional no Brasil, em face da recente operação Trapiche da Polícia Federal, que resultou na prisão de indivíduos conectados ao Hezbollah.

Schnaider descreve as estratégias terroristas como esforços para instaurar o caos e influenciar políticas governamentais, evidenciando a necessidade de uma postura firme e colaborativa internacionalmente para combater tais ameaças. Ele também destaca a descentralização das células extremistas, como Al-Qaeda e Hamas, enfatizando a dificuldade de detecção e neutralização dessas redes.

A ameaça, segundo ele, não se limita ao povo judeu mas estende-se a todas as comunidades, especialmente quando eventos históricos de perseguição são lembrados. Schnaider conclui que a proteção efetiva das minorias e a solidariedade inter-religiosa são fundamentais para a preservação da paz e segurança para todos dentro do país.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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