Aumento expressivo de manchas solares desperta preocupações com tempestades espaciais

Em junho de 2023, o Sol produziu mais de 160 manchas solares, o maior número mensal em mais de duas décadas. Esta atividade ultrapassou as previsões da NASA e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), gerando preocupações sobre severas tempestades espaciais nos meses e anos vindouros.

Os dados confirmam que o atual ciclo solar, o 25º desde que os registros começaram, está ganhando intensidade muito mais rápido do que o previsto. A projeção original previa um máximo mensal de 125 manchas solares durante o pico deste ciclo. No entanto, o astro agora parece se encaminhar para um pico de quase 200 manchas solares mensais, com alguns cientistas prevendo que esse pico possa ocorrer em apenas um ano, segundo informa a revista Space.

Fenômenos solares e o impacto na Terra

Este aumento de manchas solares não indica apenas um crescimento no número de erupções solares, mas também em ejeções de massa coronal, poderosas erupções de partículas carregadas que compõem o vento solar. Isso pode significar uma piora no clima espacial na Terra. Rajadas intensas de vento solar podem penetrar no campo magnético terrestre e supercarregar as partículas na atmosfera do nosso planeta. Isso gera belíssimas auroras, mas também pode causar sérios problemas às redes elétricas e satélites em órbita terrestre.

Tom Berger, físico solar e diretor do Centro de Tecnologia de Clima Espacial da Universidade do Colorado, Boulder, disse em uma entrevista anterior que após uma grande tempestade solar que atingiu a Terra em outubro de 2003, os operadores de satélites perderam o rastreamento de centenas de espaçonaves por vários dias. Isso aconteceu devido ao aumento da densidade de gás nas camadas mais altas da atmosfera, correspondentes à região de órbita terrestre baixa, onde residem muitos satélites, bem como a Estação Espacial Internacional.

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O temor de caos orbital

Devido ao crescimento no número de satélites e fragmentos de detritos espaciais que a órbita terrestre baixa experimentou desde a última tempestade solar séria, existe o temor de que uma situação semelhante possa resultar em um caos orbital que poderia durar semanas. Durante este período, o risco de colisões perigosas com fragmentos de detritos espaciais seria excepcionalmente alto, criando riscos adicionais para os operadores de satélites.

Diversos operadores já experimentaram problemas com o clima espacial, incluindo a SpaceX, que perdeu um lote de 40 novos satélites Starlink após lançá-los durante o que pensavam ser apenas uma leve tempestade solar. O incidente ocorreu em fevereiro de 2022, quando as novas espaçonaves queimaram na atmosfera da Terra, pois não conseguiram elevar suas órbitas após o lançamento, devido à resistência inesperada. A Agência Espacial Europeia (ESA) também relatou problemas no ano passado depois que seus três satélites Swarm, que estudam o campo magnético do planeta, começaram a perder altitude em uma taxa nunca antes vista.

Alerta para tempestades solares mais intensas

Segundo o cientista de pesquisa em física solar da NASA, Robert Leamon, as piores tempestades solares tendem a ocorrer durante a fase decrescente dos ciclos solares ímpares. “Como o Ciclo 25 é ímpar, podemos esperar que os eventos mais efetivos aconteçam após o máximo, em 2025 e 2026“, explicou Leamon. Isso se deve à forma como os polos do Sol se invertem a cada 11 anos. Para que haja mais danos e a melhor acoplagem do vento solar através do campo magnético da Terra, é desejável que o polo do Sol esteja na mesma orientação que os polos da Terra.

No momento, os previsores do clima espacial continuam monitorando a mancha solar que gerou a erupção solar do último domingo (2), bem como várias outras manchas solares que estão se formando na face do Sol. Esses previsores alertam que mais “fogos de artifício” solares são possíveis na semana que vem. Até agora, nenhuma ejeção de massa coronal está a caminho da Terra, mas as auroras podem receber um impulso do vento solar de alta velocidade que flui de um buraco no campo magnético do Sol, afirmou o Met Office, órgão britânico responsável pela previsão do clima espacial, em um comunicado.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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