Cientistas desenvolveram um implante ósseo criado a partir do próprio sangue do paciente, abrindo novas perspectivas para a reparação de fraturas ósseas. A pesquisa, publicada em 07 de dezembro de 2024 na revista Advanced Materials, demonstra a eficácia desse material biocompatível em testes com ratos.
A equipe internacional de pesquisadores da Universidade de Nottingham, Reino Unido, denomina o material como “biocooperativo regenerativo”. Ele se baseia no processo natural de coagulação sanguínea, mas aprimorado com o uso de peptídeos sintéticos – moléculas personalizadas chamadas de anfífilos peptídicos (PAs).
Como funciona? O hematoma, parte fundamental do processo de coagulação, é reforçado pelos PAs. Essas moléculas guiadas direcionam e aprimoram a formação natural da estrutura do coágulo sanguíneo, criando uma estrutura mais resistente e funcional. Em laboratório, os pesquisadores conseguiram integrar as nanofibras dos PAs com a estrutura do hematoma, resultando em um arcabouço mais forte.
Em testes com ratos, o material, com consistência de gel e que pode ser impresso em 3D, mostrou-se eficaz na reparação de danos ósseos, em especial em pequenos defeitos no crânio. O processo estimula a atividade de células essenciais para a regeneração óssea: células estromais mesenquimais, células endoteliais e fibroblastos (que ajudam na formação de tecido conjuntivo).
“A possibilidade de transformar facilmente e com segurança o sangue das pessoas em implantes altamente regenerativos é realmente emocionante”, afirma o engenheiro biomédico Cosimo Ligorio, da Universidade de Nottingham. Ele destaca a acessibilidade do material: “O sangue é praticamente gratuito e pode ser obtido facilmente dos pacientes em volumes relativamente altos”.
Alvaro Mata, também engenheiro biomédico da Universidade de Nottingham, complementa: “Essa abordagem ‘biocooperativa’ abre oportunidades para desenvolver materiais regenerativos, aproveitando e aprimorando os mecanismos do processo de cura natural. Em outras palavras, nossa abordagem visa utilizar mecanismos regenerativos que evoluímos como etapas de fabricação para projetar materiais regenerativos.”
A pesquisa representa um avanço significativo na busca por tratamentos que potencializam os processos de reparação natural do corpo, especialmente em casos onde esses processos são superados pela gravidade do dano ou enfraquecidos pelo envelhecimento. Embora ainda esteja em fase inicial (prova de conceito), a técnica apresenta um enorme potencial para o futuro da medicina regenerativa, oferecendo um tratamento personalizado e promissor para a recuperação de fraturas ósseas. A equipe afirma que o material pode ser manipulado, ajustado mecanicamente e impresso em 3D, explorando interações seletivas e não seletivas entre os PAs e o sangue.
O estudo completo pode ser acessado aqui: Advanced Materials.
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