Trump e Putin discutem ataques de drones ucranianos e crise nuclear do Irã

Trump e Putin conversam sobre ofensiva de drones ucranianos a bases russas e debatem urgência de impedir avanço nuclear do Irã, buscando evitar escalada.
Trump e Putin discutem ataques de drones ucranianos e crise nuclear do Irã
Trump e Putin discutem ataques e crise iraniana em ligação de mais de uma hora (Encontro de Trum e Putin em 2017, na Alemanha - Foto: Kremlin.ru)

Na quarta-feira, 4 de junho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Rússia, Vladimir Putin, mantiveram uma conversa por telefone de 1h15 para tratar, sobretudo, dos recentes ataques ucranianos a aeródromos russos e do impasse em torno do programa nuclear iraniano. Embora ambos tenham classificado o diálogo como “cordial” e “importante”, não houve anúncios de acordos imediatos. A ligação, porém, reforça que, mesmo em plena crise, manter canais de comunicação abertos é vital para, ao menos, desacelerar a escalada de tensão.


Por que a ligação aconteceu agora?

  • Ataques ucranianos a alvos russos: Entre sábado e domingo, drones FPV (First-Person View) lançados da Ucrânia atingiram cinco províncias russas: Múrmansk, Irkutsk, Ivánovo, Riazán e Amur.
    • Em Ivánovo, Riazán e Amur, sistemas antiaéreos russos interceptaram as aeronaves não tripuladas antes que causassem danos maiores.
    • Em Múrmansk e Irkutsk, algumas unidades de equipamentos aeronáuticos e hangares antigos foram atingidos e pegaram fogo, gerando apreensão em áreas até então consideradas seguras.
  • Escalada diplomática: Putin acusa o governo de Volodímir Zelenski de “praticar terrorismo” ao atingir alvos civis e militares profundos no território russo. Para Moscou, isso inviabilizaria qualquer trégua ou negociação formal.
  • Pressão sobre o Irã: De acordo com Trump, “o tempo para o Irã decidir sobre a capacidade de fabricar uma arma nuclear está se esgotando”. Ambos os presidentes reafirmaram que Teerã não pode ter arsenal atômico, mas divergem quanto às estratégias para convencer o regime iraniano.

Como funcionam os ataques de drones FPV e seus efeitos na Rússia

  1. Tecnologia dos drones FPV
    • São aeronaves leves, controladas por vídeo em tempo real, permitindo que o piloto veja exatamente o que o drone enxerga.
    • Capazes de voar em baixa altitude e alta velocidade, tornando-os mais difíceis de interceptar.
  2. Regiões afetadas e repercussão local
    • Múrmansk (noroeste da Rússia)
      • Habitantes relataram sirenes e explosões ao amanhecer. “Era como se a guerra tivesse batido à nossa porta pela primeira vez”, contou um morador que precisou abrigar os filhos em casa.
    • Irkutsk (Sibéria)
      • Um prédio histórico bombardeado em Novomaltinsk deixou civis em pânico. “Minha casa fica a cinco quarteirões dali, e senti o estrondo como se fosse um terremoto”, disse um mecânico de aviação.
    • Ivánovo, Riazán e Amur
      • Aeródromos locais acionaram defesa antiaérea imediatamente, evitando baixas, mas gerando receio sobre a vulnerabilidade de bases consideradas “fora da zona de conflito”.
  3. Reforço militar e medidas emergenciais
    • Moscou classificou as incursões como “atentados terroristas” e anunciou prisões de suspeitos envolvidos.
    • Autoridades russas reforçaram patrulhas aéreas, instalaram radares móveis e somaram tropas de defesa antiaérea nas regiões limítrofes.

O discurso de Putin: “Quem aposta no terror não negocia”

Quando falou ao vivo para a imprensa russa, Vladimir Putin ressaltou que ataques deliberados contra civis configuram “terrorismo sob os padrões internacionais”. Entre as declarações mais marcantes:

  • Denúncia de “organização terrorista” “O regime de Kiev, liderado por Zelenski, se converte gradualmente em um grupo terrorista. Seus patrocinadores também se tornam cúmplices dessas ações covardes.”
  • Ceticismo sobre negociações de paz “Como esperar uma trégua quando quem lidera esses ataques diz ainda pretender derrotar a Rússia no campo de batalha?”
  • Rejeição a cessar-fogo temporário “Qual motivo teríamos para suspender operações militares quando, em seguida, usariam esse período para reabastecer estoque de armas e organizar novos atentados?”

Essa retórica endurecida sustenta que, no entendimento de Moscou, qualquer diálogo só faria sentido caso cessassem “atos terroristas”. Para o Kremlin, as ofertas de cessar-fogo ucranianas em Istambul foram classificadas como “ultimatos” por Kiev, reforçando a ideia de que “não há genuíno compromisso com a paz”.


Trump e a estratégia de “pressão máxima” sobre o Irã

Enquanto a Rússia enfatiza os riscos na Ucrânia, os Estados Unidos buscam avançar na contenção do programa nuclear iraniano. Durante a ligação:

  • Trump afirmou que “o Irã precisa decidir rapidamente” se deixará o enriquecimento de urânio para produzir bombas atômicas.
  • Putin propôs que Trump integre conversas multilaterais sobre o tema, sugerindo que a participação direta dos EUA poderia acelerar um acordo.
  • O mandatário americano ressaltou que sanções severas e novo pacote de restrições econômicas estão prontas para serem aprovadas caso o Irã não recue de suas ambições atômicas.

Por que isso interessa ao leitor comum?

  1. Preço dos combustíveis
    • A instabilidade no Oriente Médio tende a elevar o valor do barril de petróleo, refletindo na bomba de gasolina.
  2. Segurança global
    • Um Irã nuclear amplia a proliferação de armas atômicas na região, potencializando tensões no Mediterrâneo oriental e no Golfo.
  3. Comércio e indústria local
    • Empresas brasileiras que exportam carne, soja e minérios à Rússia podem ser afetadas pelas sanções de ambos os lados.

Como ficam as populações russas e ucranianas no meio desse cenário

  • Na Rússia
    • Moradores de Múrmansk e Irkutsk relatam noites sem dormir. A incerteza se agrava quando sirenes disparam sem aviso prévio: “Minha esposa e eu nos perguntamos se, quando acordarmos, nossos filhos ainda estarão seguros”, confessa um comerciante de Múrmansk.
    • Produtores agrícolas de Riazán e Amur enfrentam interrupções temporárias no transporte de mercadorias, à medida que estradas e ferrovias próximas a bases militares ficam sob reforço policial.
  • Na Ucrânia
    • Civis de Kyiv e Lviv dividem a expectativa de que ações como a dos drones mantenham a atenção do Ocidente, garantindo mais armas e recursos para a defesa. Ao mesmo tempo, teme-se retaliações ainda mais duras.
    • Famílias que vivem na linha de frente, em Donetsk e Lugansk, seguem em abrigos improvisados, acompanhando cada anúncio oficial, pois entendem que qualquer avanço russo ou reação ucraniana pode mudar o mapa de segurança em questão de horas.

O que esperar daqui para frente?

  1. Novas sanções e medidas diplomáticas
    • EUA: previsão de aprovação de pacote adicional de sanções contra a Rússia e novas restrições ao Irã, com foco em bancos e comércio de urânio.
    • União Europeia: monitorará de perto o cumprimento de acordos de paz em Istambul e avaliará aumentos no apoio militar a Kiev.
  2. Possibilidade de negociações multilaterais
    • Caso Trump e Putin avancem em um consenso mínimo sobre o Irã, abre-se brecha para retomar o formato JCPOA (Plano de Ação Conjunto Global) com Europa, Rússia, EUA e Irã.
    • Quanto ao conflito ucraniano, as próximas rodadas de conversa em países neutros (Turquia, Qatar, Suíça) dependem do recuo de ambos os lados no campo de batalha – sem trégua, há menos motivação para sentar-se à mesa.
  3. Desdobramentos militares
    • No curto prazo, a Rússia deve reforçar a defesa antiaérea em cidades como Irkutsk e Múrmansk, ampliando o esquema de radares e baterias de mísseis.
    • A Ucrânia continuará a empregar drones FPV como forma de conter tropas russas longe de sua fronteira, apostando no desgaste político de Moscou.

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