Na quarta-feira, 4 de junho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Rússia, Vladimir Putin, mantiveram uma conversa por telefone de 1h15 para tratar, sobretudo, dos recentes ataques ucranianos a aeródromos russos e do impasse em torno do programa nuclear iraniano. Embora ambos tenham classificado o diálogo como “cordial” e “importante”, não houve anúncios de acordos imediatos. A ligação, porém, reforça que, mesmo em plena crise, manter canais de comunicação abertos é vital para, ao menos, desacelerar a escalada de tensão.
Por que a ligação aconteceu agora?
- Ataques ucranianos a alvos russos: Entre sábado e domingo, drones FPV (First-Person View) lançados da Ucrânia atingiram cinco províncias russas: Múrmansk, Irkutsk, Ivánovo, Riazán e Amur.
- Em Ivánovo, Riazán e Amur, sistemas antiaéreos russos interceptaram as aeronaves não tripuladas antes que causassem danos maiores.
- Em Múrmansk e Irkutsk, algumas unidades de equipamentos aeronáuticos e hangares antigos foram atingidos e pegaram fogo, gerando apreensão em áreas até então consideradas seguras.
- Escalada diplomática: Putin acusa o governo de Volodímir Zelenski de “praticar terrorismo” ao atingir alvos civis e militares profundos no território russo. Para Moscou, isso inviabilizaria qualquer trégua ou negociação formal.
- Pressão sobre o Irã: De acordo com Trump, “o tempo para o Irã decidir sobre a capacidade de fabricar uma arma nuclear está se esgotando”. Ambos os presidentes reafirmaram que Teerã não pode ter arsenal atômico, mas divergem quanto às estratégias para convencer o regime iraniano.
Como funcionam os ataques de drones FPV e seus efeitos na Rússia
- Tecnologia dos drones FPV
- São aeronaves leves, controladas por vídeo em tempo real, permitindo que o piloto veja exatamente o que o drone enxerga.
- Capazes de voar em baixa altitude e alta velocidade, tornando-os mais difíceis de interceptar.
- Regiões afetadas e repercussão local
- Múrmansk (noroeste da Rússia)
- Habitantes relataram sirenes e explosões ao amanhecer. “Era como se a guerra tivesse batido à nossa porta pela primeira vez”, contou um morador que precisou abrigar os filhos em casa.
- Irkutsk (Sibéria)
- Um prédio histórico bombardeado em Novomaltinsk deixou civis em pânico. “Minha casa fica a cinco quarteirões dali, e senti o estrondo como se fosse um terremoto”, disse um mecânico de aviação.
- Ivánovo, Riazán e Amur
- Aeródromos locais acionaram defesa antiaérea imediatamente, evitando baixas, mas gerando receio sobre a vulnerabilidade de bases consideradas “fora da zona de conflito”.
- Múrmansk (noroeste da Rússia)
- Reforço militar e medidas emergenciais
- Moscou classificou as incursões como “atentados terroristas” e anunciou prisões de suspeitos envolvidos.
- Autoridades russas reforçaram patrulhas aéreas, instalaram radares móveis e somaram tropas de defesa antiaérea nas regiões limítrofes.
O discurso de Putin: “Quem aposta no terror não negocia”
Quando falou ao vivo para a imprensa russa, Vladimir Putin ressaltou que ataques deliberados contra civis configuram “terrorismo sob os padrões internacionais”. Entre as declarações mais marcantes:
Não perca nada!
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- Denúncia de “organização terrorista” “O regime de Kiev, liderado por Zelenski, se converte gradualmente em um grupo terrorista. Seus patrocinadores também se tornam cúmplices dessas ações covardes.”
- Ceticismo sobre negociações de paz “Como esperar uma trégua quando quem lidera esses ataques diz ainda pretender derrotar a Rússia no campo de batalha?”
- Rejeição a cessar-fogo temporário “Qual motivo teríamos para suspender operações militares quando, em seguida, usariam esse período para reabastecer estoque de armas e organizar novos atentados?”
Essa retórica endurecida sustenta que, no entendimento de Moscou, qualquer diálogo só faria sentido caso cessassem “atos terroristas”. Para o Kremlin, as ofertas de cessar-fogo ucranianas em Istambul foram classificadas como “ultimatos” por Kiev, reforçando a ideia de que “não há genuíno compromisso com a paz”.
Trump e a estratégia de “pressão máxima” sobre o Irã
Enquanto a Rússia enfatiza os riscos na Ucrânia, os Estados Unidos buscam avançar na contenção do programa nuclear iraniano. Durante a ligação:
- Trump afirmou que “o Irã precisa decidir rapidamente” se deixará o enriquecimento de urânio para produzir bombas atômicas.
- Putin propôs que Trump integre conversas multilaterais sobre o tema, sugerindo que a participação direta dos EUA poderia acelerar um acordo.
- O mandatário americano ressaltou que sanções severas e novo pacote de restrições econômicas estão prontas para serem aprovadas caso o Irã não recue de suas ambições atômicas.
Por que isso interessa ao leitor comum?
- Preço dos combustíveis
- A instabilidade no Oriente Médio tende a elevar o valor do barril de petróleo, refletindo na bomba de gasolina.
- Segurança global
- Um Irã nuclear amplia a proliferação de armas atômicas na região, potencializando tensões no Mediterrâneo oriental e no Golfo.
- Comércio e indústria local
- Empresas brasileiras que exportam carne, soja e minérios à Rússia podem ser afetadas pelas sanções de ambos os lados.
Como ficam as populações russas e ucranianas no meio desse cenário
- Na Rússia
- Moradores de Múrmansk e Irkutsk relatam noites sem dormir. A incerteza se agrava quando sirenes disparam sem aviso prévio: “Minha esposa e eu nos perguntamos se, quando acordarmos, nossos filhos ainda estarão seguros”, confessa um comerciante de Múrmansk.
- Produtores agrícolas de Riazán e Amur enfrentam interrupções temporárias no transporte de mercadorias, à medida que estradas e ferrovias próximas a bases militares ficam sob reforço policial.
- Na Ucrânia
- Civis de Kyiv e Lviv dividem a expectativa de que ações como a dos drones mantenham a atenção do Ocidente, garantindo mais armas e recursos para a defesa. Ao mesmo tempo, teme-se retaliações ainda mais duras.
- Famílias que vivem na linha de frente, em Donetsk e Lugansk, seguem em abrigos improvisados, acompanhando cada anúncio oficial, pois entendem que qualquer avanço russo ou reação ucraniana pode mudar o mapa de segurança em questão de horas.
O que esperar daqui para frente?
- Novas sanções e medidas diplomáticas
- EUA: previsão de aprovação de pacote adicional de sanções contra a Rússia e novas restrições ao Irã, com foco em bancos e comércio de urânio.
- União Europeia: monitorará de perto o cumprimento de acordos de paz em Istambul e avaliará aumentos no apoio militar a Kiev.
- Possibilidade de negociações multilaterais
- Caso Trump e Putin avancem em um consenso mínimo sobre o Irã, abre-se brecha para retomar o formato JCPOA (Plano de Ação Conjunto Global) com Europa, Rússia, EUA e Irã.
- Quanto ao conflito ucraniano, as próximas rodadas de conversa em países neutros (Turquia, Qatar, Suíça) dependem do recuo de ambos os lados no campo de batalha – sem trégua, há menos motivação para sentar-se à mesa.
- Desdobramentos militares
- No curto prazo, a Rússia deve reforçar a defesa antiaérea em cidades como Irkutsk e Múrmansk, ampliando o esquema de radares e baterias de mísseis.
- A Ucrânia continuará a empregar drones FPV como forma de conter tropas russas longe de sua fronteira, apostando no desgaste político de Moscou.