Trump anuncia veto migratório e cria impasse diplomático internacional

Trump anuncia veto migratório e cria impasse diplomático internacional
Trump assina novo decreto de imigração restringindo viagens, mas com exceção para atletas olímpicos. (Foto: @WhiteHouse/X)

O novo decreto de viagem assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está provocando reações intensas tanto no cenário político interno quanto na comunidade internacional. Embora o documento imponha duras restrições de entrada a cidadãos de 19 países, ele também prevê algumas exceções — incluindo os atletas que competirão nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028.

No texto da ordem executiva, Trump determinou que atletas, membros de equipes esportivas, técnicos, profissionais de apoio e familiares imediatos estarão liberados para viajar aos Estados Unidos, caso participem de eventos esportivos de grande porte, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.

A decisão visa preservar a realização de eventos esportivos globais no país. Durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, mais de 200 países competiram, incluindo nações que agora estão na lista de restrições americanas. Sem novas orientações, torcedores dessas nações, no entanto, ainda poderão ser barrados de assistir aos jogos em solo americano.

Lista de países banidos

O governo justifica a medida com base em supostas ameaças à segurança nacional. Segundo a Casa Branca, algumas nações não possuem processos de triagem e verificação eficientes, dificultando a identificação de potenciais ameaças antes da entrada nos EUA.

Entre os países atingidos pelo banimento total estão:

  • Afeganistão
  • Chade
  • República do Congo
  • Guiné Equatorial
  • Eritreia
  • Haiti
  • Irã
  • Líbia
  • Mianmar
  • Somália
  • Sudão
  • Iémen

Outras sete nações, como Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela, sofrerão restrições parciais, afetando principalmente vistos de turismo, negócios, estudos e intercâmbios culturais.

Ataque no Colorado motivou nova ordem, segundo Trump

Segundo Trump, a decisão foi motivada pelo atentado ocorrido em Boulder, Colorado, durante um ato de apoio a israelenses feitos reféns pelo Hamas. O autor do ataque seria um cidadão egípcio em situação irregular no país.

“O recente ataque terrorista em Boulder destacou os perigos extremos representados pela entrada de estrangeiros que não são devidamente investigados”, afirmou Trump em vídeo.
“Não os queremos aqui.”

Curiosamente, o Egito não figura na lista oficial de países banidos.

Trump também indicou que a lista pode ser expandida caso surjam novas ameaças.

Críticas internas e internacionais crescem

O novo banimento foi rapidamente classificado como “discriminatório e islamofóbico” por líderes democratas. A congressista Judy Chu, da Califórnia, escreveu:

“Isso contraria os valores fundamentais dos EUA e não nos torna mais seguros.”

A organização Oxfam America também condenou a medida, afirmando que o decreto “representa um retorno alarmante a políticas de medo, discriminação e divisão”. Para o grupo, o banimento aprofundaria desigualdades e perpetuaria estereótipos racistas e intolerância religiosa.

Até mesmo analistas conservadores questionaram a eficácia da medida. O especialista em imigração Alex Nowrasteh, do libertário Cato Institute, destacou:

“Desde 1975, terroristas oriundos desses 12 países mataram apenas uma pessoa em solo americano. A chance anual de um americano ser morto por um terrorista desses países é de 1 em 13,9 bilhões.”

Além das restrições de viagem, Trump assinou outra ordem executiva, agora barrando novos estudantes internacionais de ingressarem na Universidade de Harvard por seis meses. Segundo a Casa Branca, Harvard não estaria colaborando com informações solicitadas sobre crimes cometidos por estudantes estrangeiros.

“Este é mais um passo ilegal e retaliatório da administração, em violação aos direitos garantidos pela Primeira Emenda”, disse Harvard em comunicado oficial.
“A universidade continuará protegendo seus estudantes internacionais.”

O decreto ainda permite que o Secretário de Estado, Marco Rubio, avalie caso a caso a permanência de estudantes estrangeiros já matriculados na instituição.

Impacto na Copa do Mundo 2026 e nas relações internacionais

Além das Olimpíadas de 2028, os EUA sediarão a Copa do Mundo FIFA em 2026, em parceria com Canadá e México. A isenção para atletas também se estenderá a jogadores e membros de comissões técnicas que participarem do torneio.

Porém, torcedores dos países afetados, como Irã e Sudão, que já estão classificados ou em fase avançada nas eliminatórias, podem não conseguir obter visto para acompanhar seus times em solo americano.

A restrição levanta questionamentos diplomáticos, sobretudo porque muitos desses países já vinham enfrentando sanções e tensões políticas com Washington.

Enquanto o decreto migratório gera forte repercussão, Trump enfrenta nova resistência em outro tema central: sua proposta de reforma tributária. O bilionário Elon Musk usou sua plataforma X para pedir que o Congresso rejeite o projeto:

“Liguem para seus senadores e deputados. Levar os EUA à falência NÃO é aceitável! MATEM O PROJETO”, escreveu Musk.

O projeto já passou na Câmara, mas enfrenta dificuldades no Senado. Trump, por sua vez, defende o texto como o “grande e belo projeto”, enquanto Musk o classificou como “abominação nojenta”.

Medidas sob forte escrutínio judicial

Analistas preveem que tanto o decreto de viagens quanto o bloqueio a estudantes estrangeiros de Harvard enfrentarão batalhas jurídicas. Durante o primeiro mandato de Trump, suas proibições migratórias foram contestadas até pela Suprema Corte, que em alguns momentos as manteve parcialmente em vigor.

Agora, diante de um cenário político ainda mais polarizado, os tribunais novamente poderão desempenhar papel central na definição dos limites dessas políticas de imigração e segurança nacional.

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