Rússia contesta ameaças de Trump e defende cooperação do BRICS

Dmitri Peskov disse que BRICS é união de nações com objetivos comuns, não ameaça terceiros, em resposta às tarifas comerciais de Trump contra aliados BRICS.
Rússia contesta ameaças de Trump e defende cooperação do BRICS
Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov (Foto: kremlin.ru)

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou nesta segunda-feira que a Rússia acompanha com atenção as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de impor tarifas extras de 10% a países que apoiarem as políticas dos BRICS. Em resposta, Peskov ressaltou o caráter inclusivo do bloco e negou qualquer intenção de hostilizar terceiros.

“O que torna o BRICS singular é justamente unir nações com visões de mundo e princípios de cooperação comuns. A aliança nunca foi — e jamais será — direcionada contra países de fora”, disse o porta-voz, minimizando o teor punitivo dos comentários de Trump.

A intenção de Trump

No domingo, em meio à 17.ª cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro, Trump declarou que “qualquer país que se alinhe com as políticas antiestadunidenses do grupo deverá pagar uma taxa adicional de 10%” em suas exportações para os EUA, sem exceções. Foi a mais recente de uma série de ameaças que, segundo especialistas, visam resguardar o papel do dólar e conter o avanço de arranjos financeiros alternativos.

Não é a primeira vez que Trump adota tom duro contra o bloco. Em janeiro de 2025, o mandatário ameaçou aplicar tarifas de 100% a qualquer membro dos BRICS que não mantivesse o dólar como principal meio de troca e tentasse criar uma moeda própria. Uma advertência semelhante já havia sido feita em novembro de 2024, quando ele acusou o grupo de tentar minar a liderança financeira americana.

Implicações geopolíticas

Analistas apontam que essas retóricas tensionam ainda mais o cenário global, incentivando os BRICS a reforçar mecanismos de cooperação financeira e a acelerar debates sobre um sistema de pagamentos alternativo ao SWIFT. Para a Rússia, tradiconalmente alinhada ao bloco, a reafirmação de Peskov busca transmitir estabilidade e signalizar que o grupo permanece focado em projetos de desenvolvimento conjunto, longe de disputas unilaterais.

Com o fim da cúpula no Rio, espera-se que os líderes dos BRICS publiquem uma declaração final ressaltando a vontade de buscar “soluções pacíficas” para divergências econômicas globais. Nos bastidores, diplomatas já trabalham para mitigar possíveis retaliações comerciais dos EUA, enquanto monitoram eventuais movimentos de aliados americanos que apoiem o endurecimento tarifário.

Em meio a esse jogo de influências, fica claro que o futuro das relações EUA–BRICS dependerá tanto de declarações de alto impacto quanto de negociações discretas — entre mesas oficiais e corredores de palácios de governo.

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