Lula critica Trump por ‘humilhação’ a Zelensky e defende solução pacífica para guerra na Ucrânia

Lula critica Trump por ‘humilhação’ a Zelensky e defende solução pacífica para guerra na Ucrânia
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou sua indignação com o tratamento dispensado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A declaração ocorreu durante a participação de Lula na cerimônia de posse de Yamandú Orsi como novo presidente do Uruguai, em Montevidéu.

Segundo Lula, o encontro entre Trump e Zelensky, que tinha como objetivo discutir possíveis caminhos para o fim do conflito entre Ucrânia e Rússia, transformou-se em um episódio lamentável. Eu acho que o Zelensky foi humilhado, acho que, na cabeça do Trump, o Zelensky merecia isso, declarou Lula à imprensa.

O presidente brasileiro classificou a cena como “grotesca”, ressaltando a importância do respeito mútuo na diplomacia e nas relações internacionais. Eu não sou diplomata, mas eu acho que a diplomacia, desde que o planeta Terra foi criado, desde que a diplomacia foi criada, não se via uma cena tão grotesca, tão desrespeitosa como aquela que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca, afirmou Lula.

A crítica de Lula surge após relatos de que Trump repreendeu Zelensky durante a reunião, acusando-o de desrespeito aos Estados Unidos. A tensão aumentou após Zelensky ponderar sobre um possível arrependimento futuro dos EUA em relação a um acordo com a Rússia para o término da guerra.

A postura de Trump gerou reações de apoio a Zelensky por parte de líderes europeus, evidenciando divergências entre aliados tradicionais sobre a condução da guerra na Ucrânia desde o retorno de Trump ao poder. Falando em Europa, o presidente francês Macron propõe arsenal nuclear francês para defesa europeia frente à ameaça russa.

Guerra na Ucrânia e o papel da Europa

Antes da posse de Orsi, Lula se reuniu com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, para discutir a guerra na Ucrânia. Na ocasião, Lula expressou preocupação com o papel da União Europeia no conflito. Acho que a União Europeia foi prejudicada com o discurso do Zelensky, e eu disse ao presidente da Alemanha que é bem possível que a Europa fique responsável pela reconstrução da Ucrânia, pela manutenção da Otan e é bem possível que a Europa seja responsabilizada pelo desastre que está acontecendo, avaliou.

Lula tem reiterado a necessidade de uma solução negociada entre Ucrânia e Rússia. No ano anterior, Brasil, China e outros 11 países manifestaram a intenção de criar o Grupo Amigos da Paz, visando promover o diálogo e a busca por um acordo de paz. Recentemente, notícias apontaram que EUA e Rússia estabeleceram equipes de negociação para buscar o fim da guerra na Ucrânia.

Na verdade, não é um problema de nenhum país, é um problema de irresponsabilidade de gente que não quer discutir a paz e que prefere discutir guerra. Eu espero que, agora, todo mundo tenha aprendido uma lição, somente a paz é capaz de trazer ao mundo a normalidade e a gente viver com prosperidade e com distribuição de riqueza para o nosso povo, enfatizou o presidente.

Relações Brasil-Uruguai

A eleição de Yamandú Orsi, da coligação de esquerda Frente Ampla, marca o retorno ao poder do partido liderado pelo ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, amigo pessoal de Lula. O presidente brasileiro ressaltou a importância da relação entre Brasil e Uruguai, classificando-a como uma relação entre “dois países irmãos”. Ele defendeu a retomada da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) como um mecanismo de cooperação regional.

Mesmo quando o governo do Uruguai era governo conservador, o Brasil mantém uma relação privilegiada com o Uruguai. E nós achamos que a eleição da Frente Ampla permitiu que a gente volte a discutir coisas importantes como o fortalecimento do Mercosul, como a reconstrução da Unasul, afirmou Lula.

Lula também defendeu a formação de um bloco sul-americano forte. Nosso papel é tentar convencer as pessoas de que é preciso formar um bloco forte na América do Sul, de que a gente não pode ficar tentando encontrar saída individual para cada país, porque não existe possibilidade. O mundo está dividido em blocos e quem está mais organizado pode mais, quem está mais organizado vende mais, acrescentou.

Desde o início de seu governo, Lula tem priorizado a retomada da cooperação sul-americana. A Unasul, criada em 2008, perdeu força ao longo dos anos devido a mudanças de governo em diversos países da região.

Agenda em Montevidéu

Além da posse de Orsi, Lula participou de um jantar na embaixada brasileira em Montevidéu, com a presença dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Colômbia, Gustavo Petro. Segundo Lula, o encontro teve como objetivo “fortalecer a democracia”.

Na manhã de sábado, o presidente se reuniu com Luisa González, candidata da esquerda nas eleições presidenciais do Equador.

Desejo que as eleições no segundo turno no Equador transcorram de forma pacífica e dentro da normalidade, e que a vontade do povo equatoriano prevaleça“, declarou Lula após o encontro.

Antes de retornar ao Brasil, Lula também se reuniu com José “Pepe” Mujica.

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