O recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou durante seu discurso de posse a intenção de aumentar as tarifas de importação para veículos vindos do México e Canadá. A medida sinaliza o possível fim do acordo automotivo entre os três países, firmado anteriormente pelo próprio Trump.
Trump declarou que, com suas ações, a produção de automóveis nos EUA alcançará níveis inéditos, garantindo que os consumidores tenham acesso a uma ampla variedade de veículos. Ele também abordou a questão dos carros elétricos, indicando que eles não serão excluídos do mercado americano. No entanto, ele prometeu “encerrar o Green New Deal e revogar o mandato do veículo elétrico”, visando proteger a indústria automobilística e os trabalhadores do setor.
O presidente também destacou o potencial do petróleo do Texas como um produto de exportação, essencial para manter as reservas de emergência americanas. Apesar do tom incisivo do discurso de posse, Trump parece ter recuado em relação à imposição imediata de sobretaxas aos vizinhos de fronteira, indicando que pretende negociar. A China, por outro lado, foi alvo de um discurso mais duro, com a possibilidade de novas tarifas, apesar da discordância de montadoras americanas.
Entidades como a National Retail Federation e a Consumer Technology Association alertam que o aumento das tarifas de importação terá impacto direto nos preços para o consumidor americano. No setor automotivo, essa preocupação se concretiza, já que grande parte dos veículos vendidos nos EUA, especialmente os modelos mais acessíveis, é importada do México e da Coreia do Sul.
Uma pesquisa da Morning Consulting revelou que 45% dos americanos apoiam a imposição de uma taxa de 10% sobre as importações, enquanto 30% defendem uma taxa de 20% para todos os produtos. Uma parcela menor, porém expressiva, de americanos defende uma taxa de importação de 60% sobre os produtos chineses, o que inviabilizaria a importação de veículos chineses, incluindo modelos de marcas americanas.
Antonio Filosa, chefe da Stellantis na América do Norte, afirmou que a empresa está avaliando diferentes cenários e aguardando as decisões de Trump. GM e Ford ainda não se manifestaram oficialmente, mas devem seguir o mesmo caminho, esperando os decretos ou um possível acordo entre os países envolvidos.
O México, um importante parceiro comercial dos EUA, importa 49,4% das peças automotivas americanas para a montagem de veículos e exporta 86,9% da sua produção de peças e componentes para os Estados Unidos.
A política tarifária de Trump deve impactar significativamente a indústria automotiva e o bolso dos consumidores americanos, com o mercado acompanhando de perto os próximos passos do governo dos EUA.