Resumo da Notícia
O temporal que devastou a fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz, no interior paulista, no fim de setembro, ainda ecoa pelos corredores da indústria automotiva. O desastre, que destruiu mais de 90% das instalações, paralisou momentaneamente a produção de veículos no Brasil e impôs um desafio bilionário à montadora japonesa. Agora, a marca traça um plano meticuloso para voltar à normalidade.
A reconstrução da planta não será rápida, pois segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Itu a estrutura foi gravemente comprometida e precisará ser refeita do zero, com previsão de retomada total apenas em 2026. Enquanto isso, a Toyota vai importar motores do Japão para garantir a continuidade da produção em suas outras fábricas.
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A retomada começa em ritmo lento, onde a partir de 3 de novembro, as unidades de Sorocaba e Indaiatuba voltam a operar parcialmente, fabricando apenas as versões híbridas do Corolla e Corolla Cross. O retorno dos cerca de 7.300 funcionários dessas duas fábricas está previsto para 21 de outubro, após férias emergenciais.
Já os 800 trabalhadores de Porto Feliz permanecem com contratos suspensos. A empresa avalia o estado do maquinário e planeja transferir parte da produção para outras unidades enquanto decide como será a reconstrução. A linha de motores será reerguida com recursos do seguro industrial que cobre o sinistro.
Segundo especialistas, o processo de indenização segue etapas semelhantes às de um seguro automotivo: primeiro a comunicação do evento, depois laudos técnicos e, por fim, a apuração detalhada dos danos. A apólice inclui cobertura para fenômenos climáticos e também pode contemplar “Lucros Cessantes”, mecanismo que compensa a paralisação das operações.
O presidente da FenSeg, Marcelo Gil Orlandini, explica que a indenização cobre desde a estrutura física até equipamentos e produtos acabados, mas ressalta que o maior desafio será repor o maquinário importado. “São máquinas específicas, muitas japonesas, que precisam ser fabricadas sob encomenda e enviadas ao Brasil”, diz.
Erguida em 2016 ao custo de R$ 580 milhões e ampliada depois com mais R$ 600 milhões, a planta de Porto Feliz era símbolo da capacidade produtiva da Toyota no país. Lá nasciam motores 1.3, 1.5 e o 2.0 Dynamic Force, usados no Corolla e Corolla Cross. Agora, esses propulsores serão trazidos de fábricas estrangeiras até que a produção local seja restabelecida.
Em paralelo, a empresa adiou o lançamento do Yaris Cross, que estava previsto para outubro, e promete anunciar uma nova data em breve. O foco, segundo o presidente da Toyota do Brasil, Evandro Maggio, é “restabelecer as operações com segurança, qualidade e sustentabilidade”. A produção plena com motores convencionais deve voltar em janeiro de 2026.
“O apoio da matriz e de nossas afiliadas no mundo tem sido essencial”, afirma Maggio. “Seguiremos firmes na reconstrução da unidade de Porto Feliz e no compromisso de oferecer mobilidade sustentável aos nossos clientes na América Latina.” Entre perdas e planos, a Toyota se prepara para transformar a tragédia em mais um capítulo de resiliência industrial no Brasil.



