A Tesla está sob escrutínio no Canadá, com acusações de ter explorado o programa de subsídios iZEV para veículos elétricos. A Canadian Automobile Dealers Association (CADA) alega que a empresa prejudicou concessionárias e compradores legítimos ao inflar artificialmente os números de vendas.
A controvérsia ganhou força após a divulgação de imagens que mostram centenas de veículos Tesla novos, modelos Model 3 e Model Y, estacionados em áreas inutilizadas, como o estacionamento de um antigo shopping center em Toronto e em um lote em Laval, Quebec. A proximidade do estacionamento de Toronto com uma concessionária Tesla levanta suspeitas.

O que chamou a atenção das autoridades e da mídia foi o registro de 8.600 veículos em apenas três dias, em quatro pontos de venda da Tesla no Canadá. Esse volume de vendas representa, em média, um carro vendido por minuto, durante 24 horas por dia, inclusive durante o horário de fechamento das lojas. Esse pico de vendas ocorreu pouco antes da suspensão temporária do programa de incentivos iZEV.
Essa coincidência levantou suspeitas de que a Tesla teria acelerado as vendas para se beneficiar dos incentivos fiscais. A empresa teria solicitado C$43,1 milhões (US$30 milhões) em subsídios, o que representa mais da metade do orçamento restante de C$71,8 milhões (US$50 milhões) destinado ao programa.
Alguns revendedores locais afirmam que ficaram no prejuízo, pois ofereceram os descontos aos clientes na expectativa de receber o reembolso do governo canadense, o que pode não acontecer. Uma concessionária relatou à CTV News um prejuízo de C$400 mil (US$279 mil) devido ao encerramento do programa antes que pudesse reivindicar o valor.
Além disso, a Tesla enfrenta o desafio de proteger esses veículos armazenados de possíveis atos de vandalismo, considerando os ataques recentes a carros e showrooms da marca no Canadá. Até o momento, a Tesla não se pronunciou sobre o assunto.
A situação coincide com um período de queda na demanda por veículos Tesla no Canadá, atribuída em parte à associação do CEO Elon Musk com o ex-presidente Donald Trump, que ameaçou impor tarifas de importação significativas e sugeriu que o Canadá poderia se tornar o 51º estado dos EUA.