Novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos podem trazer mudanças significativas para o setor automotivo. A partir de 4 de fevereiro, importações de veículos e autopeças do México e Canadá serão taxadas em 25%, enquanto produtos vindos da China sofrerão um aumento de 10%. Essas medidas, implementadas pelo presidente Donald Trump, geram preocupação quanto ao aumento de preços e possíveis realocações na produção das montadoras.
Analistas do setor estimam que essas tarifas podem gerar um impacto de até US$ 33 bilhões na indústria automotiva americana. Segundo a Nomura Securities, o efeito nas operações das empresas pode ser significativo. Cerca de 22% dos carros novos vendidos nos EUA no ano passado foram produzidos no México ou Canadá.
De acordo com dados da Nikkei Asia, aproximadamente 27% dos veículos Nissan comercializados nos EUA são provenientes do México, enquanto cerca de 13% dos carros da Honda são importados do mesmo país. No entanto, o impacto das tarifas não se limitará aos veículos importados. Os Estados Unidos importam cerca de 60% de seu petróleo do Canadá, além de 40% dos minerais e metais, em valor, em 2023.
Para Sayu Ueno, presidente da Mitsui & Co USA, “tarifas, como um imposto de consumo, são regressivas, impactando mais os consumidores de baixa renda”. Essa declaração evidencia a preocupação de que os custos adicionais possam recair sobre o consumidor final.
Diante desse cenário, algumas montadoras já estão considerando transferir parte da produção para os Estados Unidos, a fim de evitar os custos das tarifas. Segundo informações vindas da Alemanha, Porsche e Audi podem deslocar a fabricação de alguns modelos para a planta da Volkswagen em Chattanooga, Tennessee, onde já são produzidos os modelos Atlas e ID.4. Existe também a possibilidade de a Audi construir seus carros na fábrica em construção na Carolina do Sul para a marca Scout.
O governo chinês criticou as tarifas, afirmando que “guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores”. Apesar das medidas serem apresentadas pelo governo americano como uma forma de obter vantagens em negociações, a indústria automotiva dos EUA pode acabar arcando com as consequências.
Além das tarifas sobre carros, é importante notar que também há um aumento de 10% nas importações chinesas e uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos (VEs) chineses. O governo americano justificou a medida com a alegação de que a China estaria falhando em conter o fluxo de imigrantes ilegais e precursores químicos para a produção de fentanil. O país asiático também é acusado de roubo de propriedade intelectual, transferência forçada de tecnologia e outros comportamentos “inaceitáveis”.