A Renault expressou seu posicionamento sobre a potencial fusão entre Nissan e Honda, um movimento que também poderá envolver a Mitsubishi. A montadora francesa, que detém participação na Nissan, declarou estar atenta às negociações em curso e avaliará as opções com base nos seus melhores interesses e de seus stakeholders.
Em comunicado oficial, a Renault afirmou: *“O Grupo Renault tem conhecimento dos anúncios feitos hoje pela Nissan e pela Honda, que ainda estão em estágio inicial. Como principal acionista da Nissan, o Grupo Renault considerará todas as opções com base no melhor interesse do Grupo e de seus stakeholders.”*
A declaração da empresa francesa indica que, por ora, a Renault manterá suas operações e estratégias atuais até que a fusão entre as três marcas japonesas se concretize. Atualmente, alguns modelos da Nissan e Mitsubishi utilizam plataformas e tecnologias da Renault, demonstrando uma sinergia já existente entre as empresas.
O Grupo Renault recentemente reorganizou suas operações com foco em rentabilidade, estabelecendo a Ampere para veículos elétricos e a Horse para motores a combustão, este último com a participação da Geely. A Nissan deverá se beneficiar da divisão Horse, mas a entrada da Honda nesse cenário gera incertezas sobre a distribuição de tecnologias e recursos.
Honda e Renault têm abordagens distintas quanto à eletrificação. Enquanto a Honda investe em veículos híbridos, a Renault tem uma gama de elétricos e planeja expandir esse segmento a partir de 2026. O impacto da fusão nas operações das quatro marcas no Brasil também é uma questão a ser observada com atenção.
Em paralelo, a fusão entre Honda e Nissan ganhou força, com a confirmação das negociações e uma alta nas ações das montadoras. O movimento, que pode incluir também a Mitsubishi, tem potencial para criar o terceiro maior grupo automotivo mundial, superado apenas pela Toyota e Volkswagen.
As empresas japonesas, após a divulgação, registraram um aumento significativo no valor de suas ações, com a Mitsubishi liderando a alta. As ações da Nissan subiram 1,6%, as da Honda 3,8% e as da Mitsubishi 5,3%. O acordo, quando finalizado, representará a maior reestruturação na indústria automobilística desde a criação da Stellantis em 2021.
A Honda, segunda maior fabricante do Japão, e a Nissan, a terceira, buscam consolidar sua posição no mercado global com a fusão. As três empresas juntas, Nissan, Honda e Mitsubishi venderam 8,5 milhões de veículos em 2023, números expressivos, mas que ainda não ameaçam a liderança da Toyota, que ultrapassou a marca de 11 milhões de unidades vendidas no mesmo ano.
As discussões entre as empresas indicam que a fusão deverá ser concretizada até o final do primeiro semestre de 2025, com a criação de uma holding prevista para agosto de 2026, onde a Honda terá a preferência para indicar a maior parte do conselho administrativo. A capitalização de mercado da Honda é estimada em US$ 40 bilhões, enquanto a Nissan está avaliada em aproximadamente US$ 10 bilhões.
O objetivo da fusão é gerar R$ 116 bilhões em vendas combinadas e mais de R$ 11 bilhões de lucro operacional. Este movimento é considerado um divisor de águas na indústria automotiva, e busca enfrentar a concorrência de montadoras chinesas como BYD e GAC.
O próximo passo será a criação de uma holding, até agosto de 2026, na qual a Honda terá a prioridade para nomear a maior parte do conselho.