O Volkswagen Fusca alcançou um sucesso estrondoso em todo o mundo, e o colunista Bob Sharp explora os motivos por trás dessa popularidade. Um dos fatores cruciais foi a nacionalidade do veículo. Produtos alemães possuíam uma reputação de qualidade, o que conferiu ao Fusca uma vantagem inicial. O pós-guerra também ajudou, pois qualquer ressentimento em relação à Alemanha já havia se dissipado.
O design singular do Fusca também conquistou os consumidores. Ele não era uma mera versão reduzida de carros maiores, mas um modelo radicalmente novo, com uma identidade própria. A experiência ao dirigir o Fusca era um diferencial.
Mesmo com um motor 1.100 que entregava apenas 25 cv, o carro era considerado “divertido de dirigir”, um conceito valorizado até hoje. O major inglês Ivan Hirst, encarregado de gerir a fábrica da Volkswagen após a guerra, demonstrava entusiasmo ao dirigir o modelo para visitantes.
A Volkswagen soube divulgar as qualidades da suspensão por barras de torção do Fusca. Apesar de não ser focada em robustez, a suspensão proporcionava uma experiência superior em comparação aos sistemas de feixes de molas da época.
A suspensão independente nas quatro rodas também se destacava, oferecendo uma qualidade de rodagem superior em relação aos carros europeus importados e aos modelos americanos. Além disso, a alavanca de câmbio vertical, localizada no túnel central, contribuía para a sensação de diversão ao dirigir.
O motor traseiro do Volkswagen Fusca era um atrativo por si só. Sua configuração boxer de quatro cilindros opostos era compacta e bem integrada ao design do carro. O arrefecimento a ar era outro ponto positivo, simplificando a manutenção. O motor não apresentava problemas de superaquecimento e exigia apenas a troca periódica da correia que acionava o dínamo e a turbina de arrefecimento.
Outro ponto de destaque era a facilidade de levantar o Volkswagen Fusca com o macaco. O encaixe no chassi permitia que as duas rodas fossem suspensas rapidamente. O macaco, da marca alemã Bilstein, era um diferencial. Além disso, a ausência de um longo cano de escapamento que atravessava todo o assoalho também era uma vantagem.
Apesar do desempenho modesto do motor 1.100 e do Volkswagen Fusca, posteriormente, do 1.200, o Fusca agradava no uso diário e em viagens. No manual do proprietário, eram indicadas velocidades máximas de 100 km/h (1.100) e 110 km/h (1.200), que podiam ser mantidas por longos períodos. Essa característica era coerente com o conceito original do carro popular idealizado por Ferdinand Porsche para as autobahnen.
O Fusca também ficou conhecido por sua capacidade de trafegar em estradas enlameadas. O assoalho liso e o peso do motor sobre as rodas traseiras proporcionavam tração em situações difíceis. A linha hidráulica dos freios traseiros, o cabo do freio de estacionamento e o varão do câmbio ficavam protegidos dentro do túnel central.
A assistência técnica oferecida pela Volkswagen, determinada por Heinrich Nordhoff, também era um diferencial. As oficinas concessionárias contavam com boxes com elevador, organização impecável e ambiente limpo, onde os proprietários podiam acompanhar os serviços através de painéis de vidro.
A combinação de um carro divertido de dirigir, durável e confiável, com uma assistência técnica diferenciada, resultou em outro atrativo: o alto valor de revenda do Volkswagen Fusca.
O sucesso do Volkswagen Fusca se deve a uma série de fatores, que não se limitam aos mencionados. A história do Fusca continua na próxima semana.