A Nissan está de olho em um cenário cada vez mais desafiador para os carros mais baratos nos Estados Unidos. O presidente da montadora nas Américas, Christian Meunier, disse que as tarifas sobre importações podem encarecer os veículos e colocar em risco a continuidade de modelos acessíveis, que são essenciais para muitos consumidores. Segundo ele, “o risco é que esses segmentos desapareçam”.
Para contornar essa situação, a empresa está reforçando sua produção dentro do território americano. A fábrica de Smyrna, no Tennessee, tem capacidade para produzir até 640 mil carros por ano, mas em 2024 funcionou com apenas dois turnos, entregando cerca de 314.500 unidades. A meta agora é usar todo o potencial da planta e ampliar o volume de veículos feitos localmente.
Meunier afirmou que a Nissan pretende lançar ao menos um novo modelo na fábrica de Smyrna e estuda incluir a produção de híbridos no local. Ele destacou que, mesmo antes das tarifas, já via a localização da produção como o melhor caminho. Agora, com as novas regras, o plano ganhou ainda mais urgência.
Segundo ele, a empresa já está ajustando a estratégia para depender menos de veículos importados do México e do Japão. A ideia é vender mais modelos produzidos nos EUA, aproveitando a estrutura já existente, que ainda tem bastante margem para crescer. “Temos grandes instalações e estamos prontos para acelerar”, disse.
Uma das possibilidades em análise seria trazer a produção de carros como o Nissan Versa do México para os EUA. No entanto, Meunier alerta que isso não é simples, já que muitos componentes ainda vêm de fora, o que pode limitar essa movimentação. “Se não conseguimos importar as peças necessárias, fica difícil”, explicou.
Enquanto isso, a montadora busca atrair clientes oferecendo condições mais agressivas. Um exemplo é o desconto de R$ 39.700 na picape Frontier PRO4X para pessoas jurídicas no Brasil, como parte das ações para manter a competitividade em meio ao cenário de incertezas.
Mesmo sem anunciar datas exatas, a Nissan sinaliza que vai continuar investindo para adaptar-se rapidamente às mudanças. Para Meunier, o objetivo é claro: “encher a fábrica e voltar a gerar muitos lucros”.
