Carlos Ghosn, ex-chefão da aliança Renault-Nissan, não poupou críticas ao falar sobre a crise atual da montadora japonesa. Em entrevista ao canal francês BFM Business, ele disse que “já tinha avisado” sobre o que estava por vir. Para Ghosn, a situação da Nissan é desesperadora e o fim da parceria com a Renault seria apenas questão de tempo.
Segundo ele, os problemas começaram com as decisões tomadas após sua saída. Ghosn aponta que a lentidão da atual gestão e a tentativa frustrada de se aliar à Honda só pioraram tudo. “Foi como sugerir uma aliança entre Renault e Peugeot, não faz sentido”, criticou.
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Ghosn também comentou sobre a Renault, dizendo que a empresa perdeu relevância global e hoje se comporta como uma fabricante regional. Ele acredita que a salvação da marca pode estar na parceria com a chinesa Geely, especialmente diante da ausência da Renault nos mercados americano e chinês.
Enquanto isso, a Nissan enfrenta sérias dificuldades. A empresa anunciou mais 10 mil demissões, elevando o total de cortes para 20 mil postos — cerca de 15% da sua força de trabalho global. Os números refletem o esforço para conter os prejuízos e tentar recuperar a competitividade.
A montadora já havia planejado demitir 9 mil funcionários, fechar fábricas e reduzir em 20% sua capacidade de produção no mundo. Mas as vendas fracas em 2024, somadas a tarifas, reestruturações e perdas contábeis, agravaram a crise — especialmente nos Estados Unidos.
A situação financeira da Nissan ficou ainda mais clara nas semanas que antecederam a divulgação do balanço anual, previsto para 13 de maio. A empresa já antecipava um prejuízo histórico de US$ 5 bilhões referente ao ano fiscal encerrado em março.
Em meio à turbulência, o então CEO Makoto Uchida deixou o cargo em março, após negociações frustradas de fusão com a Honda. Ivan Espinosa assumiu o comando com a missão de tentar reverter a maré negativa.
Como parte da nova estratégia, a Nissan aposta no lançamento de novos modelos para tentar recuperar vendas e a confiança do mercado. A expectativa é que os próximos meses sejam decisivos para a sobrevivência da montadora.
O momento é crítico, e o futuro da aliança Renault-Nissan também está em jogo. A pressão interna e externa cresce, e resta saber se a nova gestão conseguirá reerguer a marca ou se os alertas de Ghosn, mesmo à distância, estavam certos. As dificuldades da Nissan na China podem estar relacionadas às importações de automóveis na China, que têm sofrido quedas significativas.