Após mais de 70 horas de intensas negociações, a Volkswagen e sindicatos alemães chegaram a um acordo histórico. A montadora de Wolfsburg evitará o fechamento de fábricas na Alemanha, mas terá que realizar uma significativa reestruturação. O acordo inclui a demissão de 35 mil trabalhadores e uma redução de 15 bilhões de euros em despesas anuais.
Segundo informações da Reuters, as negociações foram as mais longas em 87 anos da história da empresa. A Volkswagen, inicialmente, buscava cortar 10% dos salários e fechar fábricas, mas recuou para evitar novas greves que mobilizaram cerca de 100 mil funcionários nos últimos dois meses.
Reestruturação e Mudanças na Produção
O CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, declarou que o acordo é crucial para a viabilidade futura da marca. Uma das principais medidas para redução de custos será a transferência da produção de carros de menor valor agregado para o México. O icônico *Golf* deixará de ser fabricado na Alemanha, abrindo espaço para SUVs como o *Tayron*, modelo originalmente desenvolvido para o mercado chinês. A produção do Golf pode migrar para o México, assim como outros modelos.
A ironia da situação, como apontado por analistas do setor, é que a Volkswagen adota um modelo chinês para conter os carros chineses, mesmo que o *Tayron* seja um Volkswagen, assim como o *Gol* para o mercado brasileiro.
Impacto nas Fábricas Alemãs
Apesar do acordo, o futuro de fábricas como as de Dresden e Osnabrück ainda é incerto. Segundo o IG Metall, poderoso sindicato dos trabalhadores da VW, a produção de carros em Dresden encerrará em 2025, mas a unidade não será fechada. Os trabalhadores também renunciaram a um aumento de 5% previsto para novembro e não receberão aumentos sob um acordo coletivo nos próximos quatro anos. Alguns bônus serão eliminados ou reduzidos.
Daniela Cavallo, chefe do conselho dos trabalhadores na administração da Volkswagen, afirmou: “Nenhum local será fechado, ninguém será demitido por motivos operacionais e nosso acordo salarial será garantido a longo prazo”.
As negociações, que ocorreram em um hotel em Hanôver, com breves pausas para dormir e comer, foram decisivas para evitar uma crise ainda maior na montadora. O cardápio das negociações, segundo a Reuters, incluiu café, salsicha com curry e frutas.