Honda e Nissan estão em negociações para uma fusão que pode redefinir o cenário da indústria automotiva global. A aliança, com previsão de conclusão até 2026, visa criar o terceiro maior grupo automotivo do mundo em vendas, ficando atrás apenas de Toyota e Volkswagen. A movimentação surge como resposta à crescente pressão de montadoras chinesas e da Tesla.
Segundo Toshihiro Mibe, CEO da Honda, o mercado mudou drasticamente com o crescimento de novos concorrentes, exigindo que as montadoras japonesas se fortaleçam até 2030 para manter a competitividade. A possível inclusão da Mitsubishi Motors na fusão eleva ainda mais a ambição do grupo, que busca atingir uma receita de 30 trilhões de ienes (US$ 191 bilhões) e lucros operacionais superiores a 3 trilhões de ienes.
A estrutura da fusão prevê a criação de uma holding em agosto de 2026, com a deslistagem das ações de Honda e Nissan. A Honda, com uma capitalização de mercado significativamente maior que a da Nissan, deverá nomear a maioria dos membros do conselho da nova empresa.
Apesar disso, Mibe garantiu que a fusão “não é um resgate da Nissan”, enfatizando que a recuperação da montadora é uma condição essencial para o acordo. A Renault, principal acionista da Nissan, já manifestou abertura para a aliança, enquanto a Honda manterá sua colaboração com a General Motors em projetos específicos.
As duas empresas têm enfrentado desafios em seus respectivos mercados. A Nissan anunciou cortes de 9.000 empregos e redução de 20% em sua capacidade produtiva global, enquanto a Honda registrou quedas nas vendas na China, compensadas parcialmente pelo sucesso de seus negócios de motocicletas e carros híbridos. O cenário global mostra a ascensão de montadoras chinesas, como a BYD, que têm ganhado terreno com veículos elétricos e híbridos equipados com softwares inovadores.
A reação do mercado foi positiva, com as ações da Honda subindo 3,8%, as da Nissan 1,6% e as da Mitsubishi 5,3%. Entretanto, há quem questione o sucesso do acordo. Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, criticou a fusão, afirmando que as empresas “não são complementares”.
As negociações para a fusão devem ser finalizadas até junho de 2025, com a formação da holding prevista para 2026. Caso a Mitsubishi se junte ao grupo, o impacto no mercado global poderá ser ainda maior, consolidando uma nova gigante da indústria automotiva no século 21.