A McLaren Automotive anunciou recentemente uma fusão com a startup britânica de carros elétricos de luxo Forseven Holdings — um movimento que pode abrir caminho para que a famosa fabricante de supercarros adote a avançada tecnologia da chinesa Nio. Essa parceria inusitada se tornou possível graças a um investidor em comum entre as empresas.
Esse investidor é o CYVN Holdings, um grupo de Abu Dhabi que, há pouco tempo, comprou a divisão automotiva da McLaren, que antes era controlada pelo fundo soberano do Bahrein. Com essa aquisição, o CYVN se posiciona como uma peça importante no cenário global da mobilidade elétrica.
Além disso, o CYVN é o maior acionista da Nio, depois de investir US$ 2,2 bilhões em dezembro de 2023, aumentando sua participação para 20,1%. Isso veio após um investimento anterior de US$ 738,5 milhões feito em julho do mesmo ano.
Um passo importante nessa conexão aconteceu em 26 de fevereiro de 2025, quando a Nio anunciou um acordo de licenciamento com a Forseven — empresa que também pertence ao CYVN. Esse contrato permite que a Forseven use parte da tecnologia, software e propriedade intelectual da Nio voltados para veículos elétricos inteligentes. A ideia é aplicar esses recursos no desenvolvimento, produção e comercialização de modelos sob a marca Forseven, e isso pode, mais adiante, beneficiar a própria McLaren.
Segundo o Financial Times, essa fusão com a Forseven pode ajudar a McLaren a usar a tecnologia da Nio em seus futuros projetos. No entanto, o CEO da McLaren, Michael Leiters, disse que ainda é cedo para afirmar se a tecnologia atual está pronta para ser aplicada em supercarros 100% elétricos.
A verdade é que a McLaren vem acumulando prejuízos nos últimos anos e procura parcerias para seguir inovando. A união com a Forseven e o investimento do CYVN trazem um fôlego financeiro e acesso a tecnologia de ponta, num momento em que o mercado de carros esportivos de luxo também precisa se adaptar à eletrificação. Vale lembrar que, no início de 2025, a BYD superou a Tesla nas vendas de carros elétricos, deixando claro que a concorrência está mais forte do que nunca.
Nick Collins, que vai liderar a empresa após a fusão, comentou que a McLaren pretende se adaptar ao ritmo do mercado, sugerindo que a montadora deve investir primeiro em modelos híbridos antes de dar o salto para supercarros totalmente elétricos. A criação de novas estações de troca de baterias pela CATL e Sinopec mostra que a infraestrutura para carros elétricos também está avançando.
Mesmo com uma postura conservadora no passado — evitando, por exemplo, entrar no mercado de SUVs como Ferrari e Lamborghini —, a McLaren pode usar essa fusão como uma chance de explorar novas categorias, sempre com a eletrificação como destaque. Um exemplo inspirador disso foi o lançamento do SUV-conceito da Honda em um evento da Red Bull, com Max Verstappen ao volante, que pode indicar um possível caminho para o design e tecnologia da McLaren no futuro.
Jassem Al Zaabi, presidente do CYVN e futuro presidente da McLaren Group Holdings, deixou claro que esse investimento vai além do dinheiro: trata-se de planejar o futuro da McLaren como marca e empresa no cenário automotivo mundial.
Esse acordo é mais um sinal de como os fundos soberanos do Oriente Médio estão conectando o avanço tecnológico da China com marcas tradicionais do Ocidente, ajudando a acelerar a transição para os carros elétricos. Além disso, o setor como um todo também vem buscando mais sustentabilidade, como mostra o novo acordo da Hyundai Mobis para usar alumínio ecológico em seus componentes.