Fundo soberano da Noruega veta pacote bilionário de Elon Musk na Tesla

O fundo soberano detém 1,14% de participação na Tesla, avaliada em 118,3 bilhões de coroas norueguesas, o equivalente a US$ 11,6 bilhões
Fundo soberano da Noruega veta pacote bilionário de Elon Musk na Tesla
Crédito da imagem: Rede Social/Elon Musk

Resumo da Notícia

A disputa entre Elon Musk e os principais investidores da Tesla ganhou novos capítulos nesta semana. O maior fundo soberano do mundo, o Norges Bank Investment Management (NBIM), da Noruega, anunciou que votará contra o pacote bilionário de remuneração proposto para o CEO da montadora. A decisão, divulgada às vésperas da assembleia anual de acionistas, expõe uma crescente insatisfação com o poder e a influência de Musk dentro da empresa.

O fundo, que administra cerca de US$ 2,1 trilhões em ativos e detém 1,14% das ações da Tesla, afirmou reconhecer “o valor significativo criado sob a liderança visionária do Sr. Musk”, mas destacou preocupações com “o tamanho total da recompensa, a diluição acionária e a dependência de uma única figura”. O pacote em votação pode ultrapassar US$ 1 trilhão, tornando-se o maior da história corporativa.

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Crédito da imagem: Tesla

A proposta, apoiada pelo conselho da Tesla e defendida pela presidente Robyn Denholm, condiciona o pagamento à valorização das ações e ao desempenho operacional da empresa ao longo dos próximos dez anos. Caso todas as metas sejam cumpridas, Musk aumentaria sua fatia na companhia de 16% para mais de 25%, elevando seu patrimônio pessoal para cerca de US$ 2 trilhões.

O movimento do fundo norueguês ecoa recomendações de influentes consultorias de governança, como a Glass Lewis e a ISS, que também orientaram investidores a rejeitarem o plano. Segundo essas instituições, a proposta privilegia Musk em detrimento das boas práticas corporativas, além de gerar riscos à estabilidade da companhia. Grandes fundos de pensão americanos também expressaram oposição pública.

Musk reagiu com ironia nas redes sociais, afirmando que “a Tesla vale mais do que todas as outras montadoras juntas” e questionando: “Qual desses CEOs vocês gostariam que comandasse a Tesla? Não serei eu.” Ele também chamou as consultorias de “terroristas corporativos”. Apesar da pressão, o bilionário mantém forte apoio entre investidores individuais.

Esta não é a primeira vez que o NBIM confronta Musk. No ano passado, o fundo votou contra o pacote de US$ 56 bilhões, posteriormente anulado por um tribunal de Delaware. O episódio chegou a esfriar as relações entre o diretor do fundo, Nicolai Tangen, e Musk, que recusou um convite para jantar em Oslo após a votação contrária.

O embate ocorre em meio a uma fase de instabilidade para a Tesla. As vendas globais de veículos caíram 13% no primeiro semestre, e a empresa enfrenta retração na Europa e desaceleração na China, onde as remessas da fábrica de Xangai recuaram 10%. A queda nas ações reflete o receio de investidores sobre o futuro da montadora sem o envolvimento direto de Musk.

Na assembleia desta quinta-feira (6), os acionistas decidirão o destino do pacote de remuneração e, possivelmente, o papel de Musk dentro da Tesla. O empresário já sinalizou que pode deixar o cargo caso a proposta seja rejeitada, um gesto que aumenta a tensão entre os que o veem como visionário e os que o consideram insubstituível demais.

Enquanto isso, o Norges Bank reforça sua posição de “buscar um diálogo construtivo com a Tesla sobre este e outros temas”. A decisão do maior fundo soberano do planeta, contudo, acende um alerta global sobre os limites do poder executivo em companhias que se tornaram símbolos do capitalismo tecnológico do século XXI.

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