Após uma década de ausência, a Ferrari avalia a possibilidade de reintroduzir o câmbio manual em seus veículos. A opção, no entanto, seria exclusiva para os modelos Icona, de produção limitada e alto valor, que celebram a herança da marca.
Gianmaria Fulgenzi, chefe de desenvolvimento de produtos da Ferrari, revelou que a decisão atende a pedidos de clientes entusiastas da marca. “Em termos de mudanças mecânicas, é algo que pode estar no futuro, dependendo do produto”, afirmou Fulgenzi ao site australiano Car Sales. A declaração sinaliza uma possível mudança de estratégia da Ferrari, que havia abandonado o câmbio manual em prol de transmissões de dupla embreagem (DCT), mais rápidas e eficientes.

A última Ferrari a oferecer câmbio manual foi o modelo California, em 2012. A mudança para transmissões automatizadas foi motivada, em parte, pelo alinhamento com o programa de Fórmula 1 da marca e, principalmente, pela baixa demanda por câmbio manual entre os compradores.
Apesar do interesse em atender aos clientes que anseiam pelo câmbio manual, Fulgenzi ressalta que a opção estaria restrita aos modelos Icona. “Provavelmente [será em] um carro Icona, porque é um carro que representa nossa herança, um carro para ser admirado e dirigido de uma certa maneira”, explicou. Inclusive, um dos modelos da montadora que celebram a herança da marca é a Ferrari F2001 de Schumacher, campeã em Mônaco.
Um dos entusiastas da ideia é o piloto Lewis Hamilton, que expressou o desejo de colaborar no design de um futuro modelo Icona com câmbio manual, uma homenagem ao clássico F40. O F50 foi o último modelo especial da Ferrari a vir com câmbio manual.
Fulgenzi alertou que a adoção do câmbio manual implicaria em algumas concessões. Para tornar a embreagem mais gerenciável, o torque do motor seria limitado em comparação com os modelos equipados com DCT. “Caso contrário, os motoristas precisariam de uma ‘perna muito grande'”, brincou Fulgenzi.
Para ilustrar, o motor V12 de 6.5 litros do 12Cilindri produz 678 Nm de torque. Embora seja uma quantidade considerável, outros veículos, como o Cadillac CTS-V, superam essa marca sem comprometer a usabilidade do câmbio manual. Por outro lado, a Ford patenteou um câmbio manual simulado para veículos elétricos.
Caso a Ferrari realmente implemente o câmbio manual em seus modelos de edição limitada, seguirá uma tendência já observada em outras fabricantes, como a BMW, que ofereceu o câmbio manual no exclusivo 3.0 CSL de 2023.