A empresa chinesa Jinjiang, responsável pela construção da fábrica da montadora de veículos elétricos BYD na Bahia, refutou as alegações de que seus trabalhadores estariam submetidos a condições análogas à escravidão. A denúncia foi feita por autoridades trabalhistas brasileiras, que afirmaram ter encontrado 163 chineses em situação irregular no canteiro de obras. Segundo a Jinjiang, as acusações são resultado de “mal-entendidos culturais e de tradução”, e não correspondem à realidade.
A BYD, por sua vez, informou ter rompido relações com a empreiteira e declarou estar colaborando com as investigações. Em resposta, a Jinjiang publicou uma nota em sua conta oficial no Weibo, na qual afirma:
“Ser injustamente rotulados como ‘escravizados’ insultou a dignidade de nossos funcionários e violou seus direitos humanos, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês. Assinamos uma carta conjunta para expressar nossos verdadeiros sentimentos.”
Li Yunfei, gerente de relações públicas da BYD, compartilhou a declaração da Jinjiang e acusou “forças estrangeiras” e parte da mídia chinesa de tentar prejudicar a reputação de marcas chinesas e as relações entre China e Brasil. O Ministério das Relações Exteriores da China também se manifestou, afirmando que a embaixada chinesa no Brasil está acompanhando o caso junto às autoridades brasileiras.
De acordo com os inspetores trabalhistas, os passaportes dos trabalhadores foram retidos pela empresa. A Jinjiang, contudo, alega que 107 passaportes foram entregues voluntariamente pelos funcionários para facilitar a emissão de certificados de identificação temporária no Brasil.
Além disso, a empresa divulgou um vídeo com trabalhadores chineses lendo uma carta onde expressam satisfação por trabalhar em Camaçari, garantindo estar cumprindo as leis e regulamentos para concluir o projeto o mais rápido possível.
A fábrica da BYD em Camaçari tem previsão de iniciar a produção entre o final de 2024 e o início de 2025, com uma capacidade inicial de 150 mil veículos por ano. A instalação é estratégica para a BYD, sendo o Brasil seu maior mercado internacional. O caso surge em um momento sensível, com o país planejando aumentar as tarifas de importação para veículos elétricos de 18% para 35% em julho de 2026, o que reforça a importância da produção local.