A crise na fabricante chinesa de carros elétricos Neta Auto se agravou nos últimos dias, quando dezenas de representantes de concessionárias protestaram em frente à fábrica da marca, em Tongxiang. Eles exigem o pagamento por veículos que compraram e nunca receberam, além de compensações pelas perdas acumuladas desde o ano passado.
Os revendedores alegam que mantiveram suas lojas funcionando normalmente, pagando salários, impostos e evitando críticas públicas à empresa, mesmo diante de promessas não cumpridas. Muitos afirmam que chegaram a investir mais na operação, esperando uma retomada que nunca veio. “Desde setembro, a Neta não respondeu diretamente a nenhuma das nossas preocupações”, afirmou um deles em vídeo publicado online.

Entre as exigências, estão três pontos principais: compensação pelas perdas operacionais desde setembro de 2024, reembolso imediato dos valores pagos por veículos não entregues até 11 de maio, e a reativação urgente do suporte pós-venda para os cerca de 400 mil clientes já atendidos pela marca.
A situação da Neta Auto é reflexo da forte concorrência e dos desafios que o setor de carros elétricos enfrenta na China. Várias startups já fecharam as portas nos últimos anos, como a Leapmotor, e a Neta segue no mesmo caminho. Em janeiro e fevereiro de 2025, vendeu apenas 487 carros no país — números muito abaixo dos concorrentes.
Para tentar sobreviver, a Neta Auto está apostando no mercado internacional, com foco especial na Tailândia. Por lá, conseguiu mais de mil pedidos durante um salão do automóvel e mira vender 10 mil unidades em 2025. A empresa também garantiu uma linha de crédito de 10 bilhões de baht tailandeses (cerca de US$ 215 milhões) e deve começar a produção local do modelo Neta X em julho.
Apesar da crise, a direção da Neta ainda fala em recuperação. O presidente Fang Yunzhou assumiu o comando como CEO e diz que a empresa vai alcançar lucro até 2026, com um IPO no horizonte. A promessa é de que medidas de “auto-resgate”, como conversão de dívidas em ações, estão em curso para atrair novos investidores. Enquanto isso, os concessionários só querem que a empresa assuma sua responsabilidade.
À medida que os players estabelecidos e os novos entrantes continuam a inundar o mercado com novos produtos, empresas menores como a Neta se veem cada vez mais espremidas entre problemas de fluxo de caixa e queda nas vendas. A competição acirrada no mercado chinês de veículos elétricos é um fator crucial, como visto nas disparadas de vendas de veículos NEV na China.