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Estudo questionável aponta Cybertruck com risco de explosão superior ao do Ford Pinto

Com uma metodologia polêmica, um relatório recente alega que a Tesla Cybertruck é mais explosiva que o Ford Pinto

Um relatório recente alega que a Tesla Cybertruck é mais explosiva que o Ford Pinto, porém, a metodologia utilizada é falha. A pequena amostra de vendas da Cybertruck torna a comparação de estatísticas de incêndio com o Pinto enganosa. Apesar disso, o relatório está circulando online e o objetivo é separar os fatos dos dados incorretos.

A Tesla Cybertruck gera opiniões extremas. Seja sendo vandalizada em estacionamentos ou recebendo elogios de fãs, o veículo atrai muita atenção. Junto com essas opiniões fortes, surge a necessidade de ser cético sobre as manchetes envolvendo a picape elétrica.

Estudo questionável aponta Cybertruck com risco de explosão superior ao do Ford Pinto
Foto: Divulgação/Carscoops

Um relatório de autoria de Kay Leadfoot, centra-se totalmente em estatísticas em uma publicação amplamente compartilhada no FuelArc intitulada “É oficial: a Cybertruck é mais explosiva que o Ford Pinto”.

Na publicação, o autor afirma que a Cybertruck é mais explosiva que o Ford Pinto, chegando a dizer que é 17 vezes mais provável que haja uma fatalidade por incêndio em uma Cybertruck do que em um Pinto. Para comprovar a alegação, são citadas cinco mortes na Cybertruck em três incêndios relatados.

Leadfoot estima que a Tesla vendeu cerca de 34.438 Cybertrucks até o momento, o que significa que, em média, por 100.000 unidades vendidas, 14,52 pessoas morrem em um incêndio. Para ser claro, no mundo real, são cinco mortes relacionadas a incêndios em três eventos separados.

Por outro lado, existem apenas 27 mortes por incêndio no Ford Pinto, apesar de cerca de 3.173.491 vendas durante seus nove anos de produção. Isso significa que apenas 0,85 pessoas morreram no Pinto devido a incêndio por 100.000 unidades vendidas. Essa é a amplitude do relatório de Leadfoot.

Essa comparação de dados não é precisa. Primeiro, o número de entregas da Cybertruck é muito pequeno quando comparado ao Pinto. Por exemplo, imagine duas empresas no ramo de construção de fogueiras.

Estudo questionável aponta Cybertruck com risco de explosão superior ao do Ford Pinto
Foto: Divulgação/tesla

A Empresa A inicia e constrói apenas uma fogueira, enquanto a Empresa B constrói 1.000 fogueiras, mas só consegue iniciar duas. Tecnicamente, a Empresa A teve uma taxa de sucesso maior (100% vs 0,2%), embora a Empresa B tenha construído 100% mais fogueiras. Comparar as duas é completamente sem sentido devido ao tamanho da amostra.

Dados falhos e categorização enganosa

Leadfoot inclui a explosão de Las Vegas como um dos três “incêndios” nesses dados. O autor escreve: “Eu entendo que essa última inclusão é controversa, já que as queimaduras do motorista foram relatadas como *postmortem*, então sinta-se à vontade para refazer essas estatísticas sem o incidente de Las Vegas incluído.” Mesmo sem esse ponto de dados incluído, os tamanhos dos conjuntos de dados são importantes.

Além disso, o relatório da FuelArc trata todos os incêndios da mesma forma, quando, na realidade, a causa de um incêndio é importante. No caso do Pinto, os incêndios estavam especificamente ligados a uma falha de design documentada (um tanque de combustível mal posicionado que se rompia em colisões traseiras). Em um acidente fatal com a Cybertruck, o motorista bateu em uma árvore. Em outro, o motorista desviou para uma vala.

O Que “Explosivo” realmente significa?

Leadfoot afirma que o relatório é “honesto” e a palavra explosivo é específica. Explosões são, de acordo com o Oxford Dictionary, “uma expansão violenta na qual a energia é transmitida para fora como uma onda de choque”.

Isso não foi documentado em nenhum dos incêndios da Cybertruck, exceto no de Las Vegas, onde fogos de artifício foram usados e a bateria permaneceu intacta. Leadfoot aponta honestamente que os fogos de artifício também teriam explodido em qualquer veículo? Não. Na verdade, até mesmo as rupturas do tanque de gasolina no Pinto não foram explosões. O combustível acabava por todo o lado após o acidente e muitas vezes pegava fogo.

Isso não quer dizer que a Cybertruck seja completamente segura ou que não tenha falhas. Mas as manchetes nem sempre contam a história completa. Em alguns anos, quando tivermos dados de centenas de milhares de Cybertrucks, talvez surja uma falha fatal séria e comparar os dois carros faça sentido.

Por enquanto, este relatório parece mais um outlier do que dados sólidos para tirar conclusões. A Cybertruck continua a ser um tema de debate, assim como a cibersegurança em veículos e a produção de veículos a combustão.

Josean Santos

Josean Belo dos Santos é estudante de jornalismo e graduado em História pela UFPI. Possui vasta experiência em assuntos relacionados ao trânsito e à mobilidade urbana, atuando como agente de trânsito na cidade de Picos, Piauí, desde 4 de setembro de 2012. Além disso, tem ampla experiência no setor automotivo, iniciada em 2008, e já colaborou com alguns dos principais sites do Brasil.

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