Resumo da Notícia
Quando se fala em fracassos da Marvel, muitos lembram imediatamente de Eternos (2021). O longa dirigido por Chloé Zhao, vencedora do Oscar por Nomadland, foi lançado em meio à pandemia e carregava o peso de apresentar um novo grupo de heróis desconhecidos do grande público.
O resultado: uma produção de quase três horas, repleta de personagens inéditos e conceitos ambiciosos. No entanto, mesmo com sua grandiosidade visual e narrativa diferenciada, o filme recebeu as críticas mais duras do MCU até hoje.
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O curioso é que, passados alguns anos, cresce a percepção de que Eternos foi injustiçado. Enquanto a crítica destacou problemas de ritmo e ousadia narrativa, parte dos fãs enxerga na obra uma das produções mais singulares do estúdio, um filme que, apesar de não atingir as expectativas comerciais, deixou marcas relevantes no universo da Marvel.
A ambição de Chloé Zhao
O projeto de Eternos começou em 2015, quando a Marvel pensava em transformar os personagens de Jack Kirby em uma série. Anos depois, a ideia se consolidou como filme, e Kevin Feige definiu que seria uma aposta para a Fase Quatro do MCU. O objetivo era criar uma narrativa de ficção científica que misturasse mitologia, história antiga e conceitos cósmicos.
Zhao apresentou à Marvel uma proposta ousada: filmar em locações reais, usar iluminação natural e construir um longa que se diferenciasse dos blockbusters convencionais. A diretora conseguiu imprimir sua marca visual, equilibrando cenas monumentais, como as aparições dos Celestiais, com momentos mais intimistas.
Um dos destaques técnicos foi a representação de Makkari, interpretada por Lauren Ridloff, com efeitos especiais considerados até hoje como uma das melhores representações de supervelocidade no cinema.
O peso da pandemia e as bilheterias
Eternos teve lançamentos adiados várias vezes por causa da pandemia de COVID-19. Originalmente previsto para 2020, chegou aos cinemas em novembro de 2021. A expectativa era alta: a pré-venda foi a segunda maior do ano, atrás apenas de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa.
Apesar disso, o resultado ficou abaixo do esperado: cerca de US$ 402 milhões de bilheteria mundial, pouco para um orçamento de US$ 200 milhões. O desempenho foi considerado decepcionante dentro da Marvel, ainda mais em comparação com outros sucessos da época.
No campo da crítica, a situação foi pior: pela primeira vez em 13 anos, um filme da Marvel não recebeu aprovação majoritária dos especialistas. As reclamações iam desde a duração até a dificuldade de desenvolver um grupo tão numeroso de protagonistas.
A repercussão entre fãs e elenco
A recepção dividida não se limitou à imprensa. Fãs também se polarizaram: alguns consideraram Eternos um dos filmes mais ousados da Marvel, enquanto outros saíram frustrados.
O ator Kumail Nanjiani, que viveu o carismático Kingo, revelou anos depois que a repercussão abalou profundamente suas expectativas. Em entrevista, declarou:
“Eu estava em um grande filme, fiquei um ano e meio em casa esperando o lançamento. Quando saiu, recebeu críticas ruins e não foi bem. Isso me destruiu demais. Precisei de terapia para lidar com isso.”
Nanjiani também contou que havia assinado contrato para várias produções futuras — incluindo filmes, jogo de videogame e até uma atração de parque temático —, mas nada disso se concretizou após a recepção fria.
Mesmo assim, Kingo seguiu sendo citado em produções posteriores, como She-Hulk: Attorney at Law, Loki e até em What If…?, onde ganhou destaque em um episódio ambientado em Hollywood.
O julgamento em comparação com Vingadores
Outro ponto que contribuiu para o peso negativo sobre Eternos foi o contexto de lançamento. O filme chegou apenas dois anos após Vingadores: Ultimato (2019), considerado o ápice do MCU. Muitos críticos e fãs esperavam algo de impacto semelhante, mas a comparação era injusta: Zhao buscava outro tipo de narrativa, mais contemplativa e autoral.
De forma isolada, Eternos se sustenta melhor do que outros títulos da Marvel. Diferentemente de produções que dependem de conexões diretas, o longa pode ser assistido sem conhecimento prévio do universo, funcionando quase como uma obra independente dentro do MCU.
Com o passar do tempo, Eternos passou a ser mais bem visto por parte do público. A presença contínua de seus personagens em referências e produtos do estúdio mantém a lembrança viva. Fãs destacam a diversidade do elenco, a pluralidade cultural e as reflexões filosóficas sobre o papel dos heróis na humanidade.
O filme pode não ter o status de clássico imediato, mas encontra espaço em um MCU que ainda busca recuperar a força do período pré-Ultimato. Hoje, muitos concordam que Eternos foi julgado com severidade desproporcional e que, embora imperfeito, é uma das obras mais originais do estúdio.
A história de Eternos mostra como expectativas podem moldar o julgamento de um filme. A ousadia de Zhao em criar algo diferente encontrou resistência, mas também deixou uma obra que se destaca pela coragem. Se será revisitado em novas produções, ainda é incerto. Mas uma coisa é clara: Eternos envelhece melhor do que o rótulo de fracasso sugeria.
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