Supermercados enfrentam falta de mão de obra e recorrem ao Exército para preencher vagas

O setor avalia que jovens recém-egressos do Exército podem encontrar nos supermercados uma oportunidade de inserção rápida no mercado.
Supermercados enfrentam falta de mão de obra e recorrem ao Exército para preencher vagas
Foto: Tales / Adobe Stock

Mesmo com cerca de 350 mil vagas abertas em todo o país, o setor supermercadista brasileiro está enfrentando uma das piores dificuldades de contratação dos últimos anos. Tradicionalmente conhecido como porta de entrada para jovens no mercado de trabalho formal, o setor perdeu atratividade diante de ocupações informais, entregas por aplicativo e formatos de trabalho mais flexíveis.

Com o desemprego em queda no Brasil, o cenário se tornou ainda mais desafiador para os supermercados, que agora buscam alternativas para atrair novos trabalhadores e reduzir o impacto da escassez de mão de obra.

Diante do quadro de dificuldade, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) firmou uma parceria com o Exército Brasileiro para facilitar o recrutamento de jovens que concluíram o serviço militar obrigatório. O acordo tem como foco o mapeamento de perfis e a oferta de vagas com possibilidade de crescimento profissional.

A iniciativa pretende aproveitar a formação básica e o perfil disciplinado desses jovens para suprir as demandas do setor, que incluem desde operações de caixa até logística e estoque.

O setor avalia que jovens recém-egressos do Exército podem encontrar nos supermercados uma oportunidade de inserção rápida no mercado, especialmente diante da dificuldade crescente de atrair trabalhadores que priorizam jornadas flexíveis e modelos alternativos de renda.

Aposta na diversificação da força de trabalho

Além da parceria com o Exército, os supermercados estão ampliando o olhar para públicos menos tradicionais, como pessoas com mais de 60 anos, que hoje representam uma das apostas para reduzir o déficit de trabalhadores.

O setor defende a necessidade de formatos de contratação mais adaptáveis, o que inclui discussões para viabilizar jornadas menores ou escalas que possam conciliar o trabalho com a rotina dos candidatos.

Segundo o vice-presidente da Abras, está em avaliação a criação de um comitê junto ao Ministério do Trabalho, que possa avançar na regulamentação de modelos mais flexíveis para o setor. A expectativa é que a adaptação contratual permita atender melhor o perfil dos jovens que hoje priorizam a informalidade e as ocupações por demanda.

Jovens buscam flexibilidade fora do setor formal

Um dos fatores que explicam a dificuldade enfrentada pelos supermercados é o crescimento das ocupações informais, especialmente no setor de serviços e nas plataformas digitais. Muitos jovens preferem atuar como motoristas, entregadores ou prestadores de serviço por aplicativo, com a possibilidade de escolher horários e controlar a própria rotina, mesmo sem as garantias do mercado formal.

Enquanto isso, o modelo tradicional de contratação dos supermercados, com escalas fixas e menor flexibilidade, se tornou menos atraente, especialmente para quem prioriza autonomia.

A parceria com o Exército e a aposta na diversidade etária são as principais estratégias do setor supermercadista para reverter o cenário e reduzir o impacto da falta de mão de obra no dia a dia das lojas.

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