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Governo estuda cobrar mensalidade de alunos ricos nas universidades federais

Medida faz parte de um leque de ações que o governo estuda para buscar o reequilíbrio das contas públicas.

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartar mudanças no piso de despesas com educação, a equipe econômica do governo redirecionou seus esforços para outras medidas de ajuste fiscal. Entre as propostas em análise está a cobrança de mensalidade para alunos de classes mais favorecidas nas universidades públicas.

A medida faz parte de um conjunto de mais de cem iniciativas, conforme divulgado pela Folha de S.Paulo, visando o reequilíbrio das contas públicas e a eliminação do déficit fiscal.

A proposta de cobrança de mensalidades seria aplicada a uma parte dos 1,3 milhão de estudantes matriculados na rede federal de ensino superior, segundo dados do Censo da Educação Superior do Inep de 2022. No entanto, o impacto fiscal dessas iniciativas ainda é incerto, especialmente devido à mudança no perfil dos alunos nas universidades públicas, que agora incluem mais indivíduos de estratos menos favorecidos.

Além disso, estão sendo discutidas alterações no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) para proporcionar maior flexibilidade orçamentária. Uma das propostas é aumentar o percentual da contribuição paga pela União ao Fundeb que pode ser contabilizado no piso federal da educação. Atualmente, apenas 30% do valor repassado pode ser considerado, mas há uma proposta para elevar esse percentual. Para 2024, o aporte do Tesouro ao Fundeb está estimado em R$ 45 bilhões. Ajustar essa contabilização poderia, em teoria, aliviar a pressão sobre o piso da educação, embora historicamente o governo aplique valores acima do mínimo exigido.

Outra sugestão é reduzir o percentual do fundo destinado ao pagamento dos profissionais da educação básica de 70% para 60%. Segundo especialistas, essa regra tem causado distorções salariais, com os salários dos professores crescendo significativamente acima da inflação. Durante a aprovação da medida em 2020, foi apontado que os professores já recebiam 2,8 vezes mais que o salário mínimo e que os aumentos poderiam superar a inflação em até 83% em uma década.

Também está em análise a possibilidade de ampliar a gama de profissionais que podem ser pagos com recursos do Fundeb. Atualmente, a lista inclui professores, diretores e coordenadores pedagógicos, entre outros. A nova proposta incluiria trabalhadores de áreas como segurança, portaria, limpeza e manutenção, funções essenciais para o funcionamento das escolas, mas que não estão diretamente ligadas à atividade educacional.

As mudanças propostas para o Fundeb não impactam o teto de despesas do arcabouço fiscal, mas entram na conta do resultado primário. As alterações visam trazer maior flexibilidade ao Orçamento, especialmente após o presidente Lula rejeitar mudanças estruturais nos pisos de saúde e educação. Esses pisos têm aumentado as despesas nessas áreas devido às regras específicas que diferem das demais áreas orçamentárias.

De acordo com a Constituição, um percentual fixo da arrecadação da União deve ser destinado à saúde e educação, o que tem impulsionado as despesas nessas áreas, especialmente após a implementação do novo arcabouço fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O novo arcabouço exige uma elevação significativa das receitas para cumprir as metas fiscais, forçando o aumento dos gastos com saúde e educação. Enquanto isso, o limite de crescimento anual das despesas é restrito a um máximo de 2,5% acima da inflação.

Diante desse cenário, a equipe econômica considerou mudanças nas regras de avanço do piso, mas a ideia foi descartada por Lula. “Eu vou dizer em alto e bom som: a gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres. Achar que nós temos que piorar a saúde e piorar a educação para melhorar… Isso é feito há 500 anos no Brasil. Há 500 anos o povo pobre não participava do Orçamento“, afirmou o presidente há cerca de três semanas.

Essas discussões ocorrem em um momento crítico de busca por equilíbrio fiscal, sem comprometer os investimentos em áreas prioritárias como educação e saúde, que são essenciais para o desenvolvimento do país.

Nota de esclarecimento

A respeito da reportagem “Governo cogita cobrar de alunos ricos em federais e mudar Fundeb para ajustar contas”, inicialmente publicada na Folha de S.Paulo, o Ministério da Fazenda informa “que tais iniciativas jamais estiveram entre as medidas em análise pela pasta. O Ministério ressalta que não foi procurado pelo jornal, o que impediu uma manifestação oficial antes da publicação“.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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