Leilão da ferrovia EF-118 está previsto para o segundo semestre, afirma ministro dos Transportes

Leilão da ferrovia EF-118 está previsto para o segundo semestre, afirma ministro dos Transportes
Beth Santos/Secretaria-Geral da PR

O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que o leilão da ferrovia EF-118 está programado para o segundo semestre deste ano. A declaração foi feita nesta quinta-feira (8), após o leilão da Rota da Celulose, realizado pela B3.

Com uma extensão de 575 quilômetros, a EF-118 tem como objetivo interligar Nova Iguaçu (RJ) a Santa Leopoldina (ES), promovendo a integração da malha ferroviária do Sudeste e facilitando o acesso a importantes terminais portuários. “A gente espera levar a Estrada de Ferro-118 a leilão ainda neste ano, no segundo semestre”, afirmou o ministro.

Além da EF-118, o governo federal planeja realizar mais dois ou três leilões ferroviários no próximo ano. Renan Filho destacou o interesse crescente de investidores internacionais, especialmente chineses, no setor de infraestrutura brasileiro. “Com essa movimentação agora do mercado internacional, em virtude do tarifaço promovido pelos Estados Unidos, está havendo uma movimentação muito grande no setor de infraestrutura, sobretudo com a entrada mais veemente das possibilidades de investimentos chineses no Brasil. E isso melhora ainda mais o ambiente para concessões ferroviárias”, disse o ministro. Recentemente, o N10 noticiou sobre outro leilão que deve injetar R$ 4,6 bilhões no Rio Grande do Norte.

O governo pretende discutir os leilões ferroviários durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China nesta semana. A expectativa é que o Ministério dos Transportes firme acordos para garantir condições mais favoráveis para os leilões. “Dado que o Brasil é um país de dimensões continentais, os investimentos em ferrovias são robustos e eles não conseguem muitas vezes ficar de pé somente com o investimento privado. E como há restrições para o investimento público no nosso Orçamento, a gente precisa ter soluções inovadoras”, explicou Renan Filho.

A ministra do Planejamento e do Orçamento, Simone Tebet, que também esteve presente no leilão, reforçou a importância do tema das ferrovias na agenda da viagem à China. “Quando o ministro [dos Transportes] Renan fala que não há dinheiro público no Brasil, eu diria até que hoje no mundo [não há dinheiro] para se fazer ferrovias, porque o custo dela é muito maior do que de rodovias. E não há investimento privado no Brasil suficiente. Daí temos que abrir as mentes e acharmos investimentos, parcerias e fundos internacionais para uma parceria com investimento privado nacional”, comentou Tebet. Outra cidade do RN também receberá investimentos, como noticiado pelo N10 sobre o aeroporto de Mossoró que receberá R$ 70 milhões para ampliação.

Rota da Celulose é arrematada em leilão

Após uma tentativa frustrada no ano anterior, o trecho da Rota da Celulose foi arrematado pelo consórcio K&G Rota da Celulose, composto pela K Infra Concessões e pela Galápagos Participações. O consórcio ofereceu o maior desconto sobre a tarifa de pedágio, com um deságio de 9% e um aporte de R$ 217.389.913,70, superando outros três concorrentes. A BNDES tem aberto portas para todos os estados, como noticiado pelo N10, com Mercadante em São Paulo garantindo o acesso.

O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, atribuiu o sucesso do leilão à revisão da modelagem do projeto. “Nós remodelamos alguns pontos e diluímos alguns investimentos que estavam concentrados no início do projeto e isso melhorou um pouco o ativo do projeto. E agora tivemos a participação mais efetiva dessas empresas”, disse Riedel.

O ministro dos Transportes expressou confiança no cumprimento das obrigações da concessão da Rota da Celulose, mesmo com a K-Infra enfrentando um processo de caducidade por outra concessão, a Rodovia do Aço. “Dessa vez ela está em um consórcio. O líder do consórcio não é ela, mas a Galápagos. E também não há nada que impeça a participação dessas empresas que participaram. Por isso é muito importante que o leilão seja feito aqui na B3, o que garante transparência e apuração profunda em relação à participação das empresas”, explicou o ministro.

Ele acrescentou: “O contrato anterior era bem diferente desses contratos atuais, que são mais modernos e têm uma maior capacidade de ‘enforcement’ para garantir o cumprimento das obrigações”.

Aumento de Empresas em Recuperação Judicial

Um levantamento da consultoria RGF & Associados revelou um aumento de 6,9% no número de empresas em Recuperação Judicial (RJ) no Brasil. Em março, foram registradas 4.881 empresas nessa situação, contra 4.568 em dezembro de 2024.

No primeiro trimestre de 2025, 203 empresas saíram da RJ, com 80% retomando as operações sem supervisão judicial. Outros 2% tiveram o registro baixado ou encerrado, ou foram classificadas como inaptas ou suspensas por pendências, enquanto 18% faliram.

As principais causas do aumento de empresas recorrendo à RJ são as elevadas taxas de juros e problemas de gestão, especialmente no setor agroindustrial. Rodrigo Gallegos, especialista em reestruturações da RGF, observou um crescimento no mercado de investimentos em empresas em recuperação, impulsionado pelo modelo DIP (Debtor-in-Possession).

Gallegos projeta que o número de reestruturações continuará a crescer ao longo de 2025, refletindo a desaceleração da economia e os desafios enfrentados por setores intensivos em capital. O N10 noticiou que o investimento produtivo no Brasil apresentou um crescimento notável de 6,9% em 2024, segundo dados do Ipea, mas a recuperação judicial ainda é um desafio.

O setor industrial lidera o número de empresas em RJ, com 1.112 em processo de reestruturação, um recorde histórico. Há uma predominância de empresas ligadas ao agronegócio, como usinas sucroalcooleiras, laticínios e frigoríficos. Após a indústria, os setores de serviços (1.105), comércio (996), infraestrutura, energia e saneamento (992) e agropecuária (341) registram os maiores números de pedidos de recuperação judicial.

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