Um estudo recente do Instituto Pacto Contra a Fome revelou que o custo da cesta básica ideal para garantir uma alimentação saudável no Brasil alcançou R$ 432 por pessoa em abril. Este valor representa 21,4% da renda média per capita dos brasileiros, estimada em R$ 2.020, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE. Vale lembrar que o rendimento médio do brasileiro atingiu recorde em 2024.
Os dados constam no Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos, onde se aponta que mais de 70% dos brasileiros não possuem renda suficiente para cobrir tanto o custo de uma alimentação adequada quanto outras despesas essenciais. E como apontado pelo Dieese, a cesta básica teve alta de preços em 15 capitais brasileiras em abril.
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A pesquisa também destaca que mais de 10% da população, o que corresponde a aproximadamente 21,7 milhões de pessoas, sobrevive com uma renda inferior ao custo total da cesta básica ideal.
Ricardo Mota, gerente de Inteligência Estratégica do Pacto Contra a Fome, declarou em nota: “Essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população. Nosso objetivo é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias”.
O Instituto Pacto Contra a Fome enfatiza a necessidade de monitoramento contínuo e políticas públicas efetivas para combater a insegurança alimentar no país.
Para calcular o custo da cesta ideal, o instituto utilizou como referência a cesta do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN) da Universidade de São Paulo (USP). Essa cesta é composta por alimentos in natura e minimamente processados, seguindo as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira e da Comissão EAT-Lancet.
Inflação e Alimentos
O boletim do Instituto Pacto Contra a Fome também aponta que o impacto da inflação alimentar é até 2,5 vezes maior para as famílias em situação de vulnerabilidade social em comparação com as famílias de alta renda. Em relação a inflação, vale a pena a leitura sobre a inflação do café que atingiu pico de 30 anos.
O estudo destaca o impacto dos preços dos alimentos na inflação de abril. O grupo de Alimentação e Bebidas apresentou um aumento de 0,82% no mês, com destaque para a elevação nos preços da batata (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%), que tiveram um impacto significativo no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em abril, o IPCA registrou um índice de 0,43%. O Pacto Contra a Fome conclui que a inflação de alimentos exerce um peso desproporcional no custo de vida das famílias, especialmente aquelas com menor poder aquisitivo.
Apesar da queda nos preços de alguns produtos, como arroz (-4,19%), mamão (-5,96%) e feijão preto (-5,45%), a pressão inflacionária permanece concentrada em itens essenciais e in natura, que são mais vulneráveis a variações climáticas e sazonais.
