Fundos de investimentos fecham agosto com captação líquida de R$ 11,7 bilhões, impulsionada por Renda Fixa
A indústria de fundos de investimento encerrou agosto com uma captação líquida positiva de R$ 11,7 bilhões, somando um acumulado de R$ 286,2 bilhões ao longo de 2024. Os fundos de renda fixa continuam liderando a movimentação de recursos, com R$ 42,8 bilhões captados no mês e R$ 303,8 bilhões no ano, destacando-se como o segmento mais atrativo para os investidores em um cenário de expectativas favoráveis para a trajetória da taxa Selic.
“Com as perspectivas para a Selic, os fundos de renda fixa devem manter a atratividade ao longo do semestre, reforçando o fluxo significativo de recursos para essa classe de ativos”, explica Pedro Rudge, diretor da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Destaques por tipo de fundo
Dentro da classe de renda fixa, os fundos Duração Baixa Grau de Investimento registraram a maior captação líquida em agosto, com R$ 27,3 bilhões e um total acumulado de R$ 93,6 bilhões em 2024. Esses fundos aplicam, no mínimo, 80% dos recursos em títulos públicos e ativos com baixo risco de crédito.
Outra categoria que se destacou foi a Duração Livre Crédito Livre, com R$ 13 bilhões em agosto e R$ 110,6 bilhões captados no ano. No entanto, os fundos Duração Baixa Soberano apresentaram perdas, com saídas líquidas de R$ 13,1 bilhões no mês e R$ 26,6 bilhões no acumulado de 2024.
Setor de multimercados e ações sofre com resgates
Enquanto a renda fixa se manteve forte, os fundos multimercados sofreram com resgates líquidos de R$ 40,1 bilhões em agosto e R$ 145,5 bilhões ao longo de 2024. O maior impacto foi sentido pelos fundos Multimercados Investimento no Exterior, que registraram saídas de R$ 26,3 bilhões no mês e acumulam resgates de R$ 77,5 bilhões no ano. Os Multimercados Livre também tiveram resultados negativos, com R$ 6,7 bilhões em saídas no mês e R$ 15,5 bilhões no ano.
Nos fundos de ações, o cenário também foi de perdas. Em agosto, houve uma saída líquida de R$ 2 bilhões, embora o acumulado do ano seja positivo em R$ 2,2 bilhões. O tipo Ações Livre, o mais representativo em patrimônio líquido, registrou uma perda de R$ 1,6 bilhão no mês, com saídas acumuladas de R$ 1 bilhão em 2024. Por outro lado, o tipo Ações Investimento no Exterior apresentou a maior captação da classe, com R$ 2,1 bilhões em agosto e R$ 15,9 bilhões ao longo do ano.
Rentabilidade dos fundos
Em termos de rentabilidade, os fundos de renda fixa também se destacaram. O tipo Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento rendeu 0,91% em agosto, enquanto o Duração Livre Crédito Livre avançou 0,93% no mês e 6,79% no ano. Nos multimercados, o tipo Investimento no Exterior variou 0,75% em agosto, e o Multimercados Livre registrou ganhos de 1,33% no mês.
Na classe de ações, o tipo Ações Livre apresentou um ganho significativo de 4,67% em agosto, acumulando uma rentabilidade de 1,56% no ano.
Patrimônio líquido e perspectivas
O patrimônio líquido (PL) total da indústria de fundos de investimento atingiu R$ 9,3 trilhões em agosto, representando um aumento de 15% em relação ao mesmo mês de 2023. A classe de renda fixa, que lidera em PL, apresentou um crescimento de 20%, alcançando R$ 3,67 trilhões, enquanto os multimercados recuaram 2,3%, totalizando R$ 1,61 trilhão.
O aumento da atratividade dos fundos de renda fixa e a volatilidade observada nos fundos multimercados e de ações refletem um momento de cautela entre os investidores, influenciados pelas incertezas no mercado internacional e pelas expectativas em torno das decisões de política monetária. Para os próximos meses, a indústria de fundos deve continuar observando uma alocação expressiva em renda fixa, enquanto as classes mais voláteis podem enfrentar desafios adicionais.
