Empresas querem ter compliance aliado ao ESG

Empresas querem ter compliance aliado ao ESG
Imagem: freepik.com

A necessidade de integrar os princípios de ESG aos programas de compliance é um entendimento quase unânime entre os responsáveis pelo setor de conformidade das empresas. Conforme a pesquisa Anticipating more scrutiny, realizada pela consultoria KPMG, 96% deles têm essa meta.

Deste total, 52% estão em processo de implementação de um programa de conformidade em ESG nas empresas que gerenciam, enquanto 44% se encontram na fase de planejamento e desenvolvimento desse tipo de iniciativa.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) destaca que as organizações que adotam princípios ESG conquistam um diferencial competitivo e atraem investidores para o negócio, além de consolidarem uma boa reputação junto à sociedade e ao mercado. 

Isso pode ser observado por meio do comportamento dos consumidores brasileiros, como mostra a pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS). Do total de pessoas ouvidas no estudo, 95% afirmaram preferir produtos e serviços de empresas que adotam práticas sustentáveis.

O levantamento aponta, ainda, que 64% deixam de comprar de uma marca ou frequentar um estabelecimento ao descobrirem comportamentos antiéticos por parte da organização, ou de seus colaboradores. 

Desenvolvimento da regulamentação é desafio

A regulamentação sobre as práticas de ESG está em desenvolvimento, representando um desafio para a conformidade das empresas. Ter um sistema de compliance focado na área pode ser a estratégia para monitorar a evolução das regulamentações federais, estaduais e internacionais sobre o tema. 

Mas, para isso, o estudo da KPMG informa que as empresas devem melhorar a coordenação entre as áreas de assuntos governamentais, jurídica e relações-públicas para avaliar os impactos estratégicos, operacionais e de reputação relacionados às mudanças regulatórias.

Também é recomendado criar equipes focadas em requisitos de relatórios específicos da jurisdição e promover a conscientização em toda a organização sobre a aplicabilidade dos riscos regulatórios, o status da avaliação de riscos e os controles de mitigação implementados.

Para a comunicação da política interna, a orientação é conscientizar todos os colaboradores sobre o que significa compliance alinhado ao ESG e a importância de adotar essas práticas no cotidiano, o que pode ser feito através da criação de um código de conduta e a realização de campanhas. 

O Sebrae indica, também, a realização de treinamentos com os funcionários, que devem engajar e compreender os objetivos da política de governança. Esse modelo de gestão reforça a responsabilidade corporativa e garante que as práticas da empresa estejam em harmonia com as expectativas sociais e com o que os investidores consideram como relevante para o mercado atual.

Tecnologias impulsionam a integração entre ESG e compliance

Conforme os chefes de compliance que participaram da pesquisa da KPMG, as ferramentas tecnológicas desempenham um importante papel na integração dos princípios de ESG aos programas de conformidade. Entre os respondentes, 63% esperam aumento do orçamento destinado às tecnologias.

A análise de dados é destacada entre as principais áreas a serem aprimoradas nos próximos anos, com ênfase em privacidade, automação de processos, Inteligência Artificial (IA) e segurança cibernética. 

O Instituto de Desenvolvimento Social, Gestão e Tecnologia (Idesg) explica que as inovações de ponta, como a IA e a internet 5G, podem colaborar com as metas ESG de diferentes maneiras, como através da redução das emissões de gases de efeito estufa e do consumo de energia. Isso pode ser alcançado por meio de soluções como a adoção de fontes de energia renováveis, gestão de resíduos e monitoramento de emissões.

O estudo reforça que à medida que as empresas investem em tecnologia, automação e análise de dados, devem considerar os princípios de “privacidade desde o design”, introduzindo a privacidade do consumidor ao design, à operação e ao gerenciamento de novas tecnologias. O objetivo dessa medida é prevenir vulnerabilidades, como malware, fraude, roubo de identidade, risco interno e risco de reputação.