PT quer chapa com Zenaide em 2026, mas exige que ela rompa com Allyson Bezerra

A exigência do sistema governista é clara: chapa majoritária unificada. O argumento interno é de que Zenaide só entra na coligação se apoiar Cadu, o nome de Fátima e do PT.
PT quer chapa com Zenaide em 2026, mas exige que ela rompa com Allyson Bezerra
Fátima Bezerra e Zenaide Maia

A eleição de 2026 no Rio Grande do Norte ainda está longe do calendário, mas perto das articulações. Enquanto o PT prepara terreno para lançar o secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, ao Governo do Estado, o nome que realmente deve definir a balança política local é outro: a senadora Zenaide Maia (PSD).

De um lado, Zenaide é aliada do governo Lula, tem trânsito livre no Palácio do Planalto e é vice-líder do governo no Senado Federal. Do outro, mantém aliança sólida com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), que já é visto como um dos principais nomes na disputa para o Executivo estadual — mesmo ainda sem grupo formal.

O que o sistema governista quer é claro: Zenaide na chapa com Fátima Bezerra (PT) para o Senado, abrindo mão da aliança com Allyson. Mas a senadora não aceita essa imposição sem barganha real — e já teria sinalizado que, para isso, quer o controle da CAERN como moeda de troca. A resposta da governadora, até aqui, foi o silêncio.

Jaime quer palanque completo

No meio desse xadrez, surge Jaime Calado (PSD), prefeito de São Gonçalo do Amarante e marido de Zenaide. Em entrevista à rádio 98 FM, Jaime não apenas endossou o nome de Allyson para o Governo como defendeu uma chapa unificada com Fátima, Zenaide e o prefeito mossoroense.

No entanto, ele propôs que o vice fosse indicado pelo MDB de Walter Alves, atual vice-governador e que assumirá o Governo com a saída de Fátima para disputar o Senado.

Segundo Jaime, seria uma “soma de forças democráticas”, com capacidade de alavancar o desenvolvimento do estado. A resposta do PT veio pela boca do chefe da Casa Civil, Raimundo Alves: “O PT terá candidatura própria ao Governo, e o nome será Cadu Xavier”.

Além de enterrar publicamente a tese do apoio a Allyson, Raimundo deixou claro que não há espaço para um palanque dividido. Se Zenaide quiser compor com Fátima, terá que romper com Allyson, mesmo que informalmente.

PT quer Zenaide, mas sem Allyson

A exigência do sistema governista é clara: chapa majoritária unificada. O argumento interno é de que Zenaide só entra na coligação se apoiar Cadu, o nome de Fátima e do PT. Não há margem — pelo menos até agora — para composição com um aliado de oposição como Allyson.

O problema é que Zenaide não sinalizou recuo, e isso cria um impasse político inédito. Pela primeira vez, o PT precisa mais de Zenaide do que o contrário. Com a governadora saindo para disputar o Senado, não há outro nome forte e competitivo no campo progressista para a segunda vaga da chapa.

E o PSD, presidido por Zenaide, tem 22 prefeituras e capacidade de articulação que o PT não pode ignorar.

Já Allyson Bezerra, apesar de liderar todas as pesquisas para o Governo do Estado, ainda não tem grupo consolidado fora de Mossoró. Foi reeleito com quase 80% dos votos em 2024 e acumula mais de 113 mil votos de capital eleitoral, mas sua base de apoio estadual é instável. Ele sofre resistência no grupo da direita, sobretudo de Styvenson Valentim (PSDB) e José Agripino (UB), e tem relação de desconfiança com Rogério Marinho (PL), que lidera a oposição.

Rogério, inclusive, já deixou claro que não aceita a presença de Zenaide em seu palanque, o que inviabilizaria qualquer composição que envolvesse ambos.

A terceira via que pode nascer

Diante da recusa da direita e das condições impostas pela esquerda, Zenaide e Allyson podem caminhar para uma terceira via, com chapa própria. Essa hipótese vem ganhando corpo em setores insatisfeitos com os dois blocos dominantes. O cenário seria uma candidatura de Allyson ao Governo e Zenaide ao Senado, com alianças pontuais, sem dependência direta nem de Fátima nem de Rogério.

Mas o custo político é alto: enfrentar o bloco de prefeitos ligados à esquerda (PT, MDB, PSDB) e o bloco ligado à direita (PL, União, PSDB bolsonarista), ambos com cerca de 100 prefeituras cada.

Num estado com 167 municípios, onde o voto de prefeito ainda decide eleições majoritárias, essa configuração exigiria articulação milimétrica e tempo — algo que Allyson, até aqui, não tem demonstrado possuir.

A memória de 2022 ainda pesa

A possibilidade de chapas híbridas, como em 2022, ainda assombra os bastidores. Naquele ano, Fátima venceu o Governo no 1º turno, mas Carlos Eduardo (PDT), candidato dela ao Senado, foi derrotado. Rogério Marinho ganhou com apoio maciço dos prefeitos, muitos dos quais apoiaram Fátima ao Governo e ele ao Senado.

A leitura nos bastidores é que isso pode se repetir em 2026, e é por isso que a decisão de Zenaide tem tanto peso. O caminho que ela escolher — se com o PT, com Allyson ou sozinha — pode selar o desenho definitivo da disputa.

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