O anúncio de 32 voos extras para o Aeroporto Internacional de Natal entre os dias 1º e 30 de junho trouxe certo respiro à economia do turismo potiguar — especialmente em um mês como o de junho, quando o ciclo das festas juninas movimenta o interior, a capital e o setor de serviços como um todo. O reforço na malha aérea vem das companhias Azul e Gol, com destinos estratégicos como Recife, Campinas, Confins, Belém, Rio de Janeiro e Buenos Aires.
É um reforço pontual e bem-vindo. A Azul Linhas Aéreas lidera o movimento com 28 novas frequências, e a Gol, com quatro voos adicionais, incluindo duas ligações internacionais com a capital argentina. O aumento ocorre justamente quando há alta demanda de turistas para eventos culturais, religiosos e familiares no Rio Grande do Norte, e pode representar um fôlego logístico para quem trabalha com hospedagem, locação, gastronomia e transporte turístico.
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Mas o anúncio não vem sozinho. Ele aparece logo após uma crítica dura feita na Assembleia Legislativa pelo deputado estadual Luiz Eduardo (SDD), que classificou a atual situação do setor como um “apagão no turismo”. Em discurso recente, o parlamentar lamentou dois episódios que, segundo ele, afetam diretamente a competitividade do Rio Grande do Norte: a perda da Copa do Mundo Feminina e o cancelamento de voos internacionais diretos operados pela Ibéria. A íntegra do discurso pode ser lida neste link.
Segundo Luiz Eduardo, o RN foi deixado de lado em decisões estratégicas, enquanto estados vizinhos como Pernambuco e Ceará continuam a atrair não apenas eventos esportivos de grande porte, mas também companhias aéreas da Europa, como França, Alemanha, Holanda e Portugal. A crítica é fundamentada em fatos: Natal perdeu duas rotas da Ibéria e, com isso, reduziu sua já limitada rede de conexões internacionais diretas.
Diante disso, os voos extras do São João soam mais como resposta de temporada do que como parte de uma política estruturada de recuperação turística. A ampliação sazonal atende à demanda pontual, mas não substitui os efeitos econômicos e de imagem deixados por uma exclusão internacional que se repete com frequência preocupante.
Enquanto isso, o potencial turístico do Rio Grande do Norte permanece subutilizado. A estrutura existe — praias urbanas requalificadas, boa rede hoteleira, Arena das Dunas pronta, aeroportos operando com capacidade ociosa. Mas falta uma articulação institucional mais forte para trazer o RN de volta ao radar do turismo global.
O que vemos agora é uma reação fragmentada, com boas notícias espalhadas entre perdas recentes. E quando a recuperação depende do calendário festivo — como é o caso agora com o São João —, o alerta permanece: turismo não se sustenta apenas com picos sazonais, e sim com estratégia de longo prazo.
Junho terá mais voos. E com eles, mais gente chegando, mais hotéis ocupados, mais renda circulando. Mas a pergunta que fica para os meses seguintes é simples e urgente: depois que a fogueira apagar, o RN vai continuar esperando ou finalmente vai liderar seu próprio caminho no turismo?