‘Mais útil em Brasília’: Girão pressiona Marinho a não disputar Governo do RN

Girão joga com franqueza, mas também com cálculo.
‘Mais útil em Brasília’: Girão pressiona Marinho a não disputar Governo do RN
General Girão (PL) falou sobre papel de Rogério Marinho nas eleições do ano que vem. Foto: Reprodução / Waldemir Barreto/Agência Senado

Enquanto o PT se articula em torno do nome de Carlos Eduardo Xavier e tenta manter Zenaide Maia na chapa ao Senado — exigindo, como mostrei nesta análise, que ela rompa com Allyson Bezerra —, a direita também enfrenta sua encruzilhada estratégica para 2026. E o deputado federal General Girão (PL) deixou isso claro nesta sexta-feira (16), ao sugerir que o senador Rogério Marinho seria mais útil ao Estado permanecendo em Brasília, ainda que com capital eleitoral para vencer o governo do RN “disparado” – segundo ele.

Se ele tiver que vir para o Governo do Estado, com certeza ganha disparado. Não tenho dúvida nenhuma sobre isso“, afirmou Girão, em entrevista à rádio 94 FM. A declaração parece elogio, mas guarda o recado oculto: para o deputado, o projeto da direita precisa pensar o tabuleiro nacional.

O nome de Rogério é o mais forte. Hoje, é quem tem mais apoio político no Estado e uma posição nacional muito forte. Mas eu acredito que Rogério será muito mais útil para o RN se ele ficar em Brasília, no cargo que vier a receber, seja vice-presidente, seja presidente do Congresso Nacional.”

A fala de Girão expõe uma divergência interna na direita potiguar: Rogério Marinho é o nome mais competitivo, mas também o mais cobiçado em outros círculos — especialmente se Bolsonaro articular sua sucessão nacional a partir de 2026. Com isso, a disputa ao governo potiguar segue indefinida, com possíveis candidaturas de Allyson Bezerra (União Brasil) e Álvaro Dias (Republicanos) sendo ventiladas, mas sem convergência real entre os partidos do campo conservador.

Sobre Allyson, atual líder nas pesquisas de intenção de voto, Girão foi direto: “A pesquisa induz alguma coisa que a gente precisa refletir sobre isso.” E emendou uma crítica mais ampla ao atual governo estadual: “Nós precisamos, de um jeito total agora, agastar essa gestão petista do Governo do Estado. Precisamos tirar isso.”

A entrevista serviu ainda para lançar uma defesa enfática da união entre os partidos de centro-direita. “Eu espero que a liderança do ex-senador José Agripino, no União Brasil, possa fazer com que a gente converse sobre isso. Para que não prevaleçam somente interesses pessoais. O trabalho em equipe poderá fazer com que a gente tenha essa vitória na eleição de 2026 para o governo do Estado”, disse.

Entre as linhas, a mensagem é clara: há racha, há vaidade, e falta articulação com consistência. O risco para eles? A divisão abrir espaço para que o PT, mesmo com rejeição alta, tenha vantagem ao polarizar a eleição com múltiplos adversários. Mais ainda se conseguir manter Zenaide e enfraquecer a candidatura de Allyson, como busca nos bastidores.

Girão joga com franqueza, mas também com cálculo. E ao sugerir que Rogério permaneça no Senado, ou pleiteie um cargo nacional, também faz sua própria movimentação no xadrez de 2026. A pergunta que fica é: a direita conseguirá unificar seu projeto estadual a tempo ou entregará ao PT mais um mandato em meio à dispersão de forças?

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