Hoje, 4 de outubro, é o dia de São Francisco de Assis: o santo que nos lembra que toda vida é sagrada

São Francisco de Assis não é apenas lembrança de um passado distante. Seu exemplo continua a ser bússola para uma sociedade que insiste em correr atrás do supérfluo, esquecendo-se do essencial.
Hoje, 4 de outubro, é o dia de São Francisco de Assis: o santo que nos lembra que toda vida é sagrada
4 de outubro, dia de São Francisco de Assis - Foto: sidneydealmeida / Adobe Stock

Resumo da Notícia

Hoje, 4 de outubro, celebramos a memória litúrgica de São Francisco de Assis, um dos santos mais amados da Igreja Católica e, ouso dizer, uma das figuras espirituais mais universais da história. Escrevo nesta data carregado de lembranças e reflexões, porque sempre que chega este dia, percebo o quanto precisamos de exemplos de simplicidade, fraternidade e coragem como os dele.

São Francisco nasceu no fim do século XII, em uma família rica da cidade de Assis, na Itália. Teve uma juventude marcada pelo gosto pelo luxo, pelas festas e pelos sonhos de glória. No entanto, após uma experiência profunda de encontro com Cristo, renunciou a tudo. Largou roupas finas, rejeitou a herança do pai e escolheu viver no despojamento mais radical. E foi exatamente nesse vazio de coisas que ele se encheu de Deus.

Chamado de “o pobrezinho de Assis”, São Francisco se tornou símbolo da humildade que liberta e da compaixão que transforma. Sua vida é um convite constante para redescobrirmos a alegria no essencial: amar a Deus, amar o próximo, amar a vida.

O Francisco que enxergava os animais como irmãos

São Francisco de Assis
São Francisco de Assis – Foto: sidneydealmeida / Adobe Stock

Um dos aspectos mais belos do legado franciscano é a forma como ele reconhecia os animais como parte da grande família criada por Deus. Francisco não falava de fraternidade apenas entre homens; para ele, cada criatura refletia a bondade divina. Chamava o sol de “irmão” e a lua de “irmã”. Falava com os pássaros, convivia com os lobos e até os menores insetos recebiam dele atenção e respeito.

A história mais célebre é a do Lobo de Gúbio, animal que aterrorizava uma cidade inteira. Francisco, em vez de empunhar armas, aproximou-se com mansidão e estabeleceu paz entre o animal e a comunidade. Esse episódio mostra que sua espiritualidade não era ingênua: era profundamente revolucionária. Ele nos ensinava que não existe vida descartável.

Em 1979, o Papa João Paulo II proclamou oficialmente São Francisco como Patrono dos Animais e do Meio Ambiente, reconhecendo a importância universal de sua mensagem. Desde então, igrejas em todo o mundo realizam, no dia 4 de outubro, a tradicional bênção dos animais. É um gesto que simboliza algo maior: a fé cristã não se restringe ao templo, mas se manifesta no modo como cuidamos da criação inteira.

Como pai de dois meninos, não consigo ler o testemunho de Francisco sem pensar no futuro deles. O que deixaremos para as próximas gerações? Ensinar meus filhos a amar a Deus passa também por mostrar que o cachorro de casa, a árvore do quintal e até a água que bebemos são dons divinos e precisam ser respeitados.

O santo das pontes, não dos muros

Francisco viveu em uma época em que a Igreja era rica e poderosa, mas também distante dos pobres. Ele escolheu o lado da simplicidade, não como fuga, mas como sinal profético. Sua vida se tornou uma crítica silenciosa ao acúmulo, à ganância e à indiferença.

Fundou a Ordem dos Frades Menores, que se espalhou rapidamente pela Europa. Depois, inspirou Santa Clara, que criou a Ordem das Clarissas. Sua forma de viver o Evangelho era tão radical que atraía multidões. Ele não falava de Deus apenas com palavras, mas com o testemunho da vida.

Se há algo que Francisco nos ensina até hoje é a necessidade de construir pontes em vez de muros. Ele pregava aos cristãos, mas também dialogava com muçulmanos, como fez ao encontrar o sultão do Egito durante as Cruzadas. O diálogo, para ele, não era sinal de fraqueza, mas de confiança no Deus que é Pai de todos.

Curiosidades que marcam seu legado

  • Recebeu os estigmas de Cristo nos últimos anos de vida, tornando-se o primeiro santo a carregar em seu corpo as marcas da Paixão.
  • Sua espiritualidade inspirou a criação da Oração da Paz, uma das mais conhecidas do mundo cristão.
  • Era visto por muitos como “louco” por falar com a natureza, mas hoje é referência para todos os debates sobre ecologia integral.
  • É lembrado em diferentes religiões como símbolo de simplicidade e harmonia universal.

A oração que atravessa séculos

Ao falar de São Francisco, não há como não recordar sua oração mais famosa. Uma súplica que ecoa até hoje nas igrejas, nas famílias e nas ruas:

Oração de São Francisco

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar que ser amado.

Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Uma inspiração permanente

São Francisco de Assis não é apenas lembrança de um passado distante. Seu exemplo continua a ser bússola para uma sociedade que insiste em correr atrás do supérfluo, esquecendo-se do essencial. Ele nos recorda que não somos donos, mas cuidadores daquilo que Deus nos confiou.

No dia de hoje, diante da sua memória, faço a mim mesmo uma pergunta que compartilho com você, leitor: estamos dispostos a viver com mais simplicidade, generosidade e respeito por todas as criaturas? Talvez a santidade comece aí.

São Francisco de Assis, rogai por nós.

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