Astrônomos descobrem maior explosão desde o Big Bang

Liberando mais energia do que 100 supernovas , os Transientes Nucleares Extremos (ENTs) são os transientes mais energéticos já observados
Astrônomos descobrem maior explosão desde o Big Bang
Concepção artística da formação de Transientes Nucleares Extremos (ENTs). Crédito: Observatório WM Keck / Adam Makarenko.

Imagine olhar para o céu na calada da noite e, de repente, ver um clarão tão brilhante que parece durar uma eternidade. Foi exatamente isso que aconteceu com o telescópio espacial Gaia, da ESA, ao registrar explosões de luz vindas do centro de galáxias distantes. Batizadas de Extreme Nuclear Transients (ENTs), essas explosões liberam energia equivalente a cem sóis reunidos ao longo de suas vidas — e ficam acesas por anos, não por dias ou semanas como as supernovas que conhecemos.

Quando estrelas encontram buracos negros

Em 2016 e 2018, os eventos Gaia16aaw e Gaia18cdj surpreenderam os cientistas por se parecerem com os tradicionais TDEs (tidal disruption events), mas em uma escala sem precedentes. Nesses fenômenos, uma estrela é literalmente esticada e fragmentada pelas forças gravitacionais de um buraco negro supermassivo. O resultado? Um show luminoso que pode durar muito mais tempo e atingir intensidades extremas.

“Não é apenas o brilho — que chega a ser dez vezes maior que nos TDEs comuns — mas a longevidade dessas explosões, que permanecem visíveis por anos”, explica o astrofísico Jason Hinkle, da Universidade do Havaí.

Por que isso importa para você

Você pode se perguntar: “Como eventos tão distantes influenciam a nossa visão do cosmos?” Em primeiro lugar, ENTs nos dão uma janela única para entender como buracos negros crescem. Em vez de só engolir gás ou fundir-se com outros buracos negros, esses gigantes podem devorar estrelas inteiras em surtos de energia colossais — um verdadeiro supercolisor natural. Quer saber mais sobre essa ideia de aceleradores cósmicos? Confira como um buraco negro adormecido na Via Láctea mostrou que, mesmo quando quietos, esses monstros gravitacionais podem causar estragos sutis.

Além disso, como os ENTs são tão raros — cerca de 10 milhões de vezes menos frequentes que supernovas — eles exigem que missões como o Gaia e o Zwicky Transient Facility monitorem constantemente o céu, prontos para detectar esses clarões históricos. Cada nova descoberta ajuda a montar o quebra-cabeça da evolução galáctica e a compreender melhor a história do universo, desde o seu “cosmic noon” até hoje.

O que vem a seguir?

Com telescópios de última geração em desenvolvimento, como o Vera C. Rubin Observatory, espera-se capturar dezenas de ENTs nos próximos anos. Cada registro é uma oportunidade para mapear regiões antes inacessíveis e, quem sabe, até descobrir novos elementos pesados formados durante esses banhos de radiação.

Então, da próxima vez que você ler sobre “explosões cósmicas” em notícias científicas, lembre-se: pode não ser apenas uma supernova qualquer, mas sim um ENT, uma das raras mega-explosões que revelam os segredos dos buracos negros mais vorazes do universo.

Este artigo foi baseado em dados publicados em Science Advances (DOI: 10.1126/sciadv.adt0074).

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