A Polícia Civil do Rio Grande do Norte deflagrou nesta quarta-feira (21) duas operações de grande porte que miram um esquema milionário de lavagem de dinheiro por meio de plataformas de apostas virtuais. As ações, batizadas de “Shadow Influence” e “Cassino Royale”, atingem influenciadores digitais, empresários e operadores de plataformas de jogos on-line, com mandados cumpridos em quatro estados brasileiros.
Na “Shadow Influence”, os alvos foram influenciadores digitais das cidades de Natal, Parnamirim e Macau, que segundo a investigação, atuavam como intermediários financeiros para plataformas ilegais de apostas. De acordo com a Polícia Civil, esses influenciadores utilizavam as redes sociais para promover cassinos virtuais e rifas on-line, ajudando diretamente a movimentar dinheiro de origem ilícita.
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“Eles usavam contas demo (demonstração), são contas viciadas para sempre ganhar e convencer as outras pessoas a jogar”, afirmou o delegado Bruno Vitor, da Delegacia Especializada em Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro. Ele destacou que a investigação ainda apura se os investigados agiam de forma coordenada como parte de uma organização criminosa. No entanto, já está claro o vínculo direto entre os influenciadores e as plataformas.
Simultaneamente, a operação “Cassino Royale” teve como foco empresários e operadores dessas plataformas virtuais, considerados o núcleo estruturante do que a polícia classificou como um “esquema bilionário” de lavagem de dinheiro. As investigações apontam que os envolvidos utilizavam os sites de jogos como fachada para disfarçar a origem dos valores ilícitos.
Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Norte, São Paulo, Pernambuco e Maranhão. Ao todo, a Polícia Civil do RN investiga seis influenciadores digitais, dois donos de plataformas e três empresas diretamente envolvidas nas ações.
As medidas judiciais resultaram no bloqueio de mais de R$ 40 milhões e na apreensão de diversos bens de alto valor, incluindo:
- Cerca de R$ 30 mil em espécie
- Doze veículos de luxo e uma motocicleta
- Relógios, joias, ouro e moedas estrangeiras
- Aparelhos celulares, computadores e documentos
- Materiais de divulgação de jogos ilegais
- Criptoativos estimados em R$ 68 mil
O Ministério Público do Rio Grande do Norte, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), também participou das investigações. Para o promotor Augusto Lima, os resultados das operações devem servir como um alerta: “Roletas, jogo do Tigrinho, cassinos, rifas online, tudo isso continua sendo ilegal e continua sendo contravenção penal. Então, quem apoia, quem divulga, quem ganha dinheiro com isso, quem mantém esse tipo de jogo de azar, continua sujeito à prisão, busca e apreensão e bloqueio de bens. Então, que hoje esse trabalho da delegacia fique de alerta para as pessoas. Isso é contravenção. O que vocês ganham a partir disso, pode ser lavagem de dinheiro e um dia a conta vai chegar.”
A operação “Shadow Influence” faz referência ao papel dos influenciadores na disseminação de práticas ilegais mascaradas por um estilo de vida de ostentação, enquanto “Cassino Royale” remete à utilização dos cassinos como fachada para movimentações financeiras ilícitas de alto impacto.
As ações reforçam o cerco das autoridades à popularização de plataformas de apostas que, embora à primeira vista possam parecer legítimas, vêm sendo utilizadas como canais de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e aliciamento de novos usuários por meio de publicidade enganosa.