Servidores denunciam caos na saúde de Parnamirim e aprovam novas paralisações

Antes das novas datas de paralisação aprovadas, os servidores da saúde de Parnamirim já haviam realizado suspensões de 24 horas nos dias 11 e 18 de junho, afetando serviços como vacinação e curativos em unidades de saúde.
Servidores denunciam caos na saúde de Parnamirim e aprovam novas paralisações
Servidores citam caos na saúde de Parnamirim e aprovam paralisações - Foto: SINDSAÚDE / REPRODUÇÃO

Servidores da saúde de Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, decidiram ampliar as paralisações e aprovaram, em assembleia geral realizada nesta segunda-feira (23), novas suspensões de atividades para o mês de julho.

O movimento inclui paradas de 48 horas nos dias 1º e 2 de julho, com caminhada, ato público e concentração em frente à sede da Prefeitura de Parnamirim. Uma nova paralisação de 24 horas foi marcada para o dia 7 de julho, quando os trabalhadores vão avaliar a deflagração de uma greve geral, caso não haja avanço nas negociações com a gestão municipal.

O diretor estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde-RN), Paulo Martins, relatou que os servidores enfrentam sobrecarrega de trabalho, escassez de equipes e condições precárias nas unidades de saúde.

Não está sendo fácil para os servidores trabalharem em condições tão precárias como as atuais. São poucas pessoas para trabalhar, muita gente adoecendo e uma pressão muito grande”, afirmou Paulo Martins ao Portal N10.

A principal crítica da categoria é a redução no funcionamento do Laboratório Central de Parnamirim, que atualmente atende pacientes de mais de 40 unidades básicas de saúde no município.

Segundo o sindicato, a prefeitura decidiu reduzir os plantões da unidade de 12 para 8 horas a partir de julho, com parte da equipe sendo remanejada para a UPA de Nova Esperança e a Maternidade Divino Amor, devido à falta de pessoal. O sindicato questiona a ausência de convocações de aprovados no quadro de reserva e alerta para o risco de colapso nos serviços laboratoriais.

A demanda é muito grande, não há como dar conta de tanto atendimento. Em vez de a prefeita ampliar os serviços, o que ela está fazendo? Vai diminuir os atendimentos no laboratório”, criticou Paulo.

Defasagem salarial preocupa servidores

Além das condições de trabalho, os servidores apontam uma defasagem salarial acumulada desde a implantação do plano de cargos em 2019. Segundo o sindicato, as perdas ultrapassam 31% mesmo após o reajuste de 6% concedido no fim de 2022.

Paulo Martins detalhou que técnicos de enfermagem, laboratoristas e outros servidores de nível médio recebem um salário base de R$ 1.372,00, com complementação e gratificação de R$ 300 na atenção básica. Já os profissionais de nível superior têm salário base de R$ 1.700,00, acrescido de gratificação de R$ 2.000,00. O sindicato destaca que os adicionais não integram o cálculo da aposentadoria, o que acentua o descontentamento da categoria.

É uma vergonha o que está acontecendo ali. Esses valores são insuficientes e prejudicam diretamente os servidores, principalmente no futuro previdenciário”, pontuou o dirigente sindical.

Sindicato pressiona gestão Nilda Cruz e ameaça greve geral

A assembleia desta segunda-feira aprovou o envio de uma contraproposta à Comissão de Otimização e Encargos Funcionais (COEF), vinculada à gestão da prefeita Nilda Cruz (Solidariedade). O documento, que deve ser protocolado até esta terça-feira (24), estipula prazo de 10 dias para retorno oficial.

Caso não haja resposta da prefeitura dentro do prazo, os servidores avaliarão a possibilidade de greve geral na assembleia do dia 7 de julho.

A manutenção das paralisações é uma resposta clara da categoria, diante da proposta apresentada pela COEF da prefeita Nilda, que não contemplou em nada as principais reivindicações da saúde municipal”, explicou Paulo Martins.

Movimento de paralisação já afeta serviços

Antes das novas datas de paralisação aprovadas, os servidores da saúde de Parnamirim já haviam realizado suspensões de 24 horas nos dias 11 e 18 de junho, afetando serviços como vacinação e curativos em unidades de saúde. Durante as paralisações anteriores, também houve protesto em frente à UPA de Nova Esperança, onde parte da equipe está em funcionamento reduzido.

O sindicato denunciou ainda a superlotação na Maternidade Divino Amor e a falta de medicamentos, o que, segundo a categoria, agrava a situação da rede municipal de saúde.

Os médicos do município não aderiram ao movimento. O Portal N10 segue acompanhando a evolução das negociações e os desdobramentos da crise na saúde pública de Parnamirim.

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