A crise na saúde pública do Rio Grande do Norte voltou a escancarar sua gravidade na manhã desta sexta-feira (13), quando servidores realizaram um protesto em frente ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, a maior unidade de emergência do estado.
O ato, organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (Sindsaúde/RN), denunciou a falta de insumos básicos, a exclusão de aposentados e terceirizados de serviços internos e o que chamaram de omissão por parte do Governo do Estado.
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Com cartazes, depoimentos de usuários e vozes indignadas, a manifestação escancarou um retrato preocupante: falta de lençóis, sabão, papel toalha, álcool e medicamentos, itens elementares para o funcionamento mínimo de um hospital público.
“É um descaso, governadora. A gente está passando por um sofrimento desse“, desabafou uma acompanhante durante o protesto, revelando que o drama não se limita aos profissionais da saúde, mas atinge também os familiares de pacientes, obrigados a lidar com a carência estrutural do sistema.
A diretora do Sindsaúde/RN, Fátima Luna, foi enfática ao destacar que o cenário de calamidade compromete a dignidade de quem precisa do Sistema Único de Saúde:
“Nós estamos no maior hospital do estado, faltando papel toalha e álcool. Os acompanhantes reclamam, denunciam, estão aqui presentes para dar voz ao nosso ato para confirmar a nossa verdade. Porque nós somos servidores e principalmente usuários do SUS, e queremos sim, um serviço e assistência de qualidade.”
O ato também marcou o início de uma série de manifestações que devem ocorrer em outras unidades hospitalares do estado, num esforço de chamar atenção da opinião pública e das autoridades para a falta de insumos e medicamentos essenciais.
Exclusão de aposentados e terceirizados agrava tensão
Outro ponto de forte crítica foi a exclusão de aposentados e trabalhadores terceirizados do NAST (Núcleo de Assistência à Saúde do Trabalhador). O núcleo, que deveria ofertar suporte aos profissionais de saúde da rede pública, passou a restringir atendimentos, deixando de fora uma parcela expressiva dos servidores que, segundo o sindicato, estão entre os mais vulnerabilizados. Solicitamos respostas da Sesap, mas até o momento, não fomos retornados.
A dirigente sindical Rosália Fernandes, também presente no ato, denunciou a situação como inaceitável:
“Solicitamos uma audiência com o secretário de Saúde e com a Procuradora, porque o NAST é dos trabalhadores. Os terceirizados são trabalhadores desse hospital que são extremamente explorados, com salários baixos e com atraso. E os aposentados, agora, foram descartados como lixo. Não aceitamos isso e estamos na luta e brigando pelo atendimento dos terceirizados e dos aposentados.”
A exclusão, segundo os manifestantes, configura uma violação ao princípio da equidade no atendimento à saúde, já que terceirizados e aposentados também adoecem, enfrentam riscos e, muitas vezes, atuaram anos dentro da estrutura da saúde pública potiguar.
O tom do protesto também foi direcionado ao governo Fátima Bezerra (PT). Para os representantes do Sindsaúde/RN, o silêncio do Executivo estadual diante do colapso visível no Walfredo Gurgel é uma postura inaceitável. O sindicato acusa o governo de ignorar o sucateamento do maior hospital do estado.
“Para nós do Sindsaúde/RN, é inadmissível que o governo Fátima fique em silêncio diante da precarização do maior hospital do Estado! Governadora, a saúde do RN está na UTI. Por isso, esse protesto marca uma série de atos públicos que ocorrerão nos demais hospitais do estado diante da falta de insumos e medicamentos”, afirmou a nota oficial da entidade.