Natal entra na lista de capitais em alerta por causa da síndrome respiratória aguda grave

A Fiocruz reforça que a vacinação é a principal medida de proteção contra a SRAG, além do uso de máscaras em locais de aglomeração e unidades de saúde, especialmente em pessoas com sintomas gripais.
Natal entra na lista de capitais em alerta por causa da síndrome respiratória aguda grave
© Tony Winston/Agência Brasília

A cidade de Natal está entre as 14 capitais brasileiras com alerta elevado para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), conforme o mais recente Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a análise, o cenário na capital potiguar apresenta tendência de crescimento a longo prazo, com destaque para os casos em crianças pequenas e idosos, os grupos mais vulneráveis.

Além de Natal, estão em situação semelhante as capitais Belo Horizonte, Boa Vista, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Teresina e Vitória.

Em âmbito nacional, já foram registrados 56.749 casos de SRAG em 2025, com 46,5% deles confirmados para algum vírus respiratório. Os principais agentes são o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável por 55,3% dos casos positivos nas últimas quatro semanas, seguido pelo influenza A (30,1%), rinovírus (16,1%), Covid-19 (2,6%) e influenza B (0,7%).

Quando se trata dos óbitos, o influenza A responde por 63,7%, seguido pelo VSR (14%), Covid-19 (12,9%), rinovírus (10,3%) e influenza B (1,4%). O vírus da influenza A já é a principal causa de morte por SRAG entre idosos e aparece entre os três principais fatores de mortalidade por SRAG em crianças. Já entre os pequenos, o VSR se mantém como o principal causador de mortes.

A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz, reforça que o aumento de casos em crianças tem se mantido elevado mesmo em estados com sinais de desaceleração:

Apesar disso, ainda não é o momento de relaxar os cuidados nessas regiões, já que a incidência de casos continua alta ou moderada”, disse.

Ela alerta ainda que a mortalidade por SRAG em crianças pequenas está se aproximando dos índices observados entre idosos.

Os casos de SRAG por VSR continuam em ascensão em diversos estados. Contudo, já é possível observar indícios de desaceleração desse crescimento ou até mesmo início de queda, em alguns estados do Centro-Oeste e Sudeste, além do Maranhão“, afirmou.

Quinze estados brasileiros apresentam hoje incidência de SRAG com nível de alerta, risco ou alto risco e com tendência de crescimento. São eles: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Outros oito estados, incluindo o Rio Grande do Norte, registram incidência elevada, mas sem tendência de crescimento, segundo a Fiocruz. A análise é baseada na Semana Epidemiológica 19, de 4 a 10 de maio.

O levantamento também destaca o avanço da influenza A, com aumento de hospitalizações em diversos estados do Centro-Sul, além de partes do Norte e Nordeste, como Amapá, Pará, Rondônia, Ceará e Maranhão. Mesmo estados que não estão em alerta geral, como Piauí e Pernambuco, já apresentam crescimento dos casos em crianças menores de dois anos.

No panorama por faixa etária, crianças pequenas seguem como as mais impactadas pelo VSR, rinovírus e influenza A, enquanto idosos enfrentam maior letalidade devido à influenza A e Covid-19.

Situação da vacinação em Natal

Em Natal, após 43 dias de campanha iniciada em 7 de abril, apenas 15,26% do público prioritário — crianças, idosos e gestantes — foi vacinado contra a gripe, conforme dados do sistema RN+Vacinas. Foram aplicadas 32.358 doses, atingindo 8,35% de cobertura entre crianças, 18,30% entre idosos e 26,03% entre gestantes. A meta é vacinar 90% de cada grupo.

No total, a cidade já aplicou 52.404 doses, incluindo também profissionais da saúde e puérperas. O número, no entanto, segue abaixo do necessário para conter o avanço da SRAG, especialmente diante dos 257 casos notificados até 3 de maio, com 44% entre idosos com mais de 80 anos e 28% em crianças até cinco anos.

O secretário municipal de Saúde, Geraldo Pinho, destacou que a meta pode ser atingida até o fim do segundo quadrimestre:

Em Natal temos um público prioritário pra vacina de Influenza de aproximadamente 206.635 (idosos, crianças e gestantes)”.

Ele também atribuiu a baixa adesão à vacinação à desinformação nas redes:

Além disso, o aumento das síndromes respiratórias ocorre devido ao período sazonal, aliado à baixa cobertura vacinal dos dois anos anteriores, quando a resistência à vacinação foi reforçada pelos meios digitais, especialmente entre idosos e crianças”, afirmou.

A campanha na capital segue com vacinação disponível em todas as salas de vacina da cidade, pontos extras e por busca ativa em escolas e instituições.

A Fiocruz reforça que a vacinação é a principal medida de proteção contra a SRAG, além do uso de máscaras em locais de aglomeração e unidades de saúde, especialmente em pessoas com sintomas gripais.

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