A cidade de Natal pode estar prestes a viver mais uma paralisação no sistema de transporte público, caso não haja avanço nas negociações entre patrões e trabalhadores. Motoristas de ônibus reivindicam reajuste salarial de 8,53%, vale-refeição de R$ 600 e aumento de 15,5% no plano de saúde.
A contraproposta apresentada pelos empresários prevê valores bem abaixo do pleiteado, e será avaliada nesta sexta-feira (16), em assembleias convocadas pelo Sindicato dos Rodoviários do RN (SINTRO).
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A decisão da categoria pode resultar na aprovação de uma greve por tempo indeterminado.
A proposta patronal, formalizada durante a quinta audiência de mediação na Superintendência Regional do Trabalho (SRTE/RN), oferece:
- Reajuste salarial de 5,53%, dividido em duas etapas:
- 3,53% a partir de 1º de maio
- 2% a partir de 1º de novembro
- Reajuste de 7,5% no vale-refeição
- Reajuste de 7,5% na mensalidade do plano de saúde
A diferença entre os índices reivindicados e os propostos reflete um impasse que se arrasta há semanas, com pouca margem de concessão até o momento. A categoria considera a proposta insuficiente frente ao custo de vida e à defasagem salarial acumulada. Já os empresários alegam dificuldade financeira e apontam que uma proposta mais robusta só será possível após a licitação do transporte público, que há anos é prometida, mas nunca efetivada.
“As regras de remuneração só ficarão claras com a licitação. Hoje, o sistema opera com desequilíbrio financeiro”, afirmam os empresários.
Eles também citam a concorrência com aplicativos de transporte por motocicletas e o impacto prolongado da pandemia como fatores que pressionam o setor.
A assembleia e o risco de greve
O SINTRO convocou duas sessões de assembleia nesta sexta-feira, na sede da entidade, no bairro do Alecrim. É nesse espaço que os rodoviários devem decidir se aceitam a proposta ou aprovam um indicativo de greve, que pode ser deflagrada já na próxima semana.
A última audiência de mediação está marcada para a próxima terça-feira (20), às 10h, na SRTE/RN. O encontro é visto como decisivo para evitar uma paralisação do sistema de transporte urbano de Natal.
O que está em jogo
- O vale-refeição reivindicado pelos motoristas representa um aumento de 36,36% — dos atuais R$ 440 para R$ 600.
- O reajuste salarial pleiteado supera a inflação acumulada nos últimos 12 meses e visa recompor perdas salariais de anos anteriores.
- O plano de saúde — essencial para uma categoria que atua em condições de estresse e exposição — é outro ponto sensível da pauta.
A proposta empresarial representa menos da metade do índice solicitado para os benefícios secundários e parcelamento do reajuste salarial, o que tende a gerar resistência entre os trabalhadores.
Com o avanço da negociação praticamente travado, a audiência de terça-feira (20) tende a ser decisiva. Se a categoria rejeitar a proposta e aprovar a greve, o setor pode ser impactado já a partir do meio da próxima semana. Natal, que depende fortemente do transporte coletivo para o deslocamento da população trabalhadora, pode enfrentar mais um capítulo de tensão no serviço urbano.