As fortes chuvas que atingem Natal desde a última quarta-feira (18) provocaram o surgimento de uma cratera de grandes proporções no Vale das Cascatas, área situada à margem da Via Costeira, um dos principais corredores turísticos da capital potiguar. O desmoronamento foi identificado na manhã desta sexta-feira (20), despertando preocupação entre frequentadores e moradores da região.
O local, também conhecido como Pinheiros, é tradicionalmente utilizado para atividades ao ar livre, como trilhas, acampamentos e sessões de fotografia. A área integra um dos trechos mais arborizados da orla natalense e é considerada ponto de interesse ecológico e turístico na cidade.
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O deslizamento no solo expôs estruturas naturais instáveis, agravadas pela quantidade de água acumulada nos últimos dias. A Defesa Civil ainda não divulgou um laudo oficial sobre o risco de novos colapsos, mas isolou o entorno da cratera como medida preventiva.
Especialistas alertam que a saturação do solo, especialmente em áreas com inclinação ou mata secundária, pode aumentar o risco de escorregamentos e erosões superficiais, comuns durante o mês de junho.
EMPARN alerta para continuidade das chuvas
De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), os eventos registrados são típicos do período chuvoso no litoral leste nordestino.
“A média de chuvas em junho na Grande Natal gira em torno de 350 milímetros. A condição atual está dentro da normalidade climática, mas com episódios concentrados em curto espaço de tempo, o que potencializa danos urbanos”, explicou.
A previsão da EMPARN aponta a manutenção das chuvas nos próximos dias, com maior intensidade durante a madrugada e as primeiras horas da manhã. O cenário meteorológico é resultado da ação combinada entre o aquecimento das águas do Oceano Atlântico Sul, ventos úmidos do sudeste e o efeito brisa, que favorece a formação de nuvens carregadas.
A orientação é para que a população acompanhe os avisos da Defesa Civil e da meteorologia oficial, principalmente durante o fim de semana e o início da próxima semana, quando há risco de novas pancadas de chuva a qualquer hora do dia.
Patrimônio natural sob pressão
A formação da cratera no Vale das Cascatas reacende o debate sobre a fragilidade ambiental de áreas não urbanizadas próximas à Via Costeira, especialmente em períodos de clima extremo. A região não conta com estrutura de drenagem urbana formal, o que favorece a erosão em episódios de precipitação intensa.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB) ainda não se pronunciou oficialmente sobre medidas de recuperação da área afetada.