Resumo da Notícia
O Rio Grande do Norte vai encerrar 2025 com um cenário fiscal que deve dominar o debate político do próximo ano. A dívida consolidada líquida do Estado atingiu R$ 6,34 bilhões em agosto, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN). Valor representa um aumento de R$ 1,8 bilhão em relação ao início do primeiro mandato da governadora Fátima Bezerra (PT), em 2019.
Com a perspectiva de renúncia da governadora em abril de 2026 para disputar o Senado, o futuro sucessor — o vice Walter Alves (MDB) — herdará um governo marcado por alto comprometimento de receitas, déficit previdenciário e pouca margem para investimentos.
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A combinação entre endividamento crescente e disputa eleitoral projeta o tema das finanças estaduais como o eixo central da sucessão de 2026, em que aliados e opositores se apressam em disputar a narrativa sobre a real situação do Estado.
O secretário de Fazenda e pré-candidato do PT ao Governo do Estado, Carlos Eduardo Xavier (Cadu Xavier), reagiu às críticas sobre o aumento da dívida e defendeu o legado fiscal da gestão petista.
Segundo o relatório do TCE, o total de R$ 6,29 bilhões representa um acréscimo de R$ 1,8 bilhão desde 2019, quando o montante era de R$ 4,46 bilhões. Para o secretário, o número reflete o ajuste de passivos herdados de gestões anteriores e a normalização de obrigações judiciais.
“Esses processos estavam tramitando na Justiça e se transformaram em precatórios na nossa gestão”, disse.
Cadu argumenta que o atual governo entregará um Estado mais equilibrado e funcional, após anos de colapso financeiro.
“Não sou eu que estou dizendo, são os fatos. A gente vivia numa terra onde os salários estavam atrasados, onde o Estado se comprometia com gasto de pessoal de 66%. Hoje estamos na casa dos 55% e devemos entregar o governo na casa dos 54%.”
Ele também atribui parte da pressão fiscal a mudanças na arrecadação provocadas pelas leis complementares 192 e 194, que reduziram tributos sobre combustíveis, energia e telecomunicações.
“Mesmo no meio desse processo, a situação hoje é infinitamente melhor do que era antes, do ponto de vista fiscal e administrativo.”
O secretário destacou ainda avanços em segurança, saúde, estradas e educação, citando a criação dos Institutos Estaduais de Educação Profissional (IERNs) e reformas em escolas.
“Quem receber o Estado em 2027 vai encontrar uma situação muito melhor do que aquela que nós recebemos — com o servidor com quatro folhas em atraso, consignados atrasados, fornecedores atrasados. Era um verdadeiro caos.”
Rogério Marinho: “O problema do RN não é a dívida, é a ausência de governo”
Do lado oposicionista, o senador Rogério Marinho (PL) vê o quadro fiscal como resultado direto da falta de gestão da atual administração.
“O endividamento crescente do Rio Grande do Norte é um retrato da falta de planejamento e de gestão do atual governo do PT. Herdar um Estado com mais de R$ 6 bilhões em dívidas seria um grande desafio, mas não é impossível de enfrentar.”
Para Marinho, os números expõem erros estruturais na condução das contas públicas, com perda de capacidade de investimento e de dinamismo econômico.
“É possível reorganizar as contas, investir em infraestrutura e devolver a confiança da população com responsabilidade fiscal. O que falta ao RN hoje é justamente isso: gestão, prioridade e compromisso com quem produz e gera emprego.”
O senador defende uma agenda baseada em critérios técnicos e parcerias com o setor privado.
“Se tivermos uma equipe técnica competente, uma visão de Estado e a coragem de tomar decisões necessárias, vamos colocar o Rio Grande do Norte de volta nos trilhos.”
O posicionamento reforça o discurso do PL no estado, que tem usado a pauta econômica como principal arma política contra o governo Fátima Bezerra.
Thabatta Pimenta: “Dívida do RN é fruto de décadas de má gestão”
A vereadora Thabatta Pimenta (PSOL) também se posicionou sobre o endividamento, atribuindo o cenário a decisões equivocadas acumuladas por várias administrações.
“Essa situação não surgiu de um dia para o outro, é consequência de administrações que comprometeram a capacidade de investimento do Estado e prejudicaram serviços essenciais, como saúde, educação e segurança.”
Para Thabatta, o foco do próximo governo deve ser renegociar a dívida de forma inteligente, sem abrir mão da responsabilidade social.
“Precisamos reverter esse quadro por meio da renegociação da dívida, do combate ao desperdício e da aplicação eficiente dos recursos públicos.”
Ela defende uma gestão baseada em transparência, austeridade e credibilidade, destacando que a recuperação fiscal deve vir acompanhada de investimentos sociais e geração de oportunidades.
“Nosso foco deve ser resgatar a confiança do Estado, atrair investimentos e garantir que o dinheiro do povo volte a trabalhar pelo povo.”
Um tema fiscal com peso eleitoral
Com a eleição de 2026 no horizonte, o endividamento de R$ 6,3 bilhões se torna o ponto de convergência entre economia e política. De um lado, o governo tenta provar que herdou um Estado falido e o reestruturou. De outro, a oposição insiste que o PT ampliou a dívida e reduziu a eficiência da máquina pública.
A narrativa sobre a “herança fiscal” será determinante para moldar a campanha dos pré-candidatos. Enquanto Cadu Xavier defende um legado de responsabilidade, Rogério Marinho aposta no discurso de renovação administrativa, e Thabatta Pimenta tenta capturar o eleitorado crítico aos dois blocos com uma proposta de gestão técnica e socialmente justa.
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