PF realiza nova operação contra Bolsonaro; ex-presidente terá que usar tornozeleira eletrônica

De acordo com a Polícia Federal, a operação tem como alvos crimes relacionados a coação no curso do processo, obstrução de Justiça e ataques à soberania nacional.
PF realiza nova operação contra Bolsonaro; ex-presidente terá que usar tornozeleira eletrônica
Foto: Carlos Moura/Agência Senado

A Polícia Federal (PF) realizou, nesta sexta-feira (18), uma nova operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na residência do ex-presidente da República e na sede nacional do Partido Liberal (PL), em Brasília.

A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e tem como foco a aplicação de medidas cautelares contra Bolsonaro, que passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica.

Segundo a Polícia Federal, durante o cumprimento dos mandados foram encontrados aproximadamente US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie na casa do ex-presidente. Ter valores guardados em casa não configura crime, no entanto, é necessário declarar quantias superiores a US$ 10 mil sempre que alguém ingressa ou sai do Brasil com esses recursos, conforme as normas da Receita Federal e Banco Central.

Medidas cautelares impostas a Bolsonaro

Além da tornozeleira eletrônica, Bolsonaro está submetido a uma série de restrições impostas por decisão judicial. Entre as determinações já comunicadas, destacam-se:

  • Proibição de acessar redes sociais.
  • Obrigação de permanecer em casa entre 19h e 7h.
  • Vedação de comunicação com outros réus e investigados nos inquéritos do STF.
  • Proibição de contato com embaixadores, diplomatas e aproximação de sedes de embaixadas.

Essas medidas têm como base o entendimento do Supremo de que o ex-presidente teria atuado para obstruir investigações, coagir testemunhas e praticar atos que atentariam contra a soberania nacional, segundo despacho do ministro Alexandre de Moraes. As ações também receberam parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), que embasou a atuação da Polícia Federal.

Fontes ligadas ao STF afirmam que as restrições impostas têm ligação direta com apurações recentes, que envolvem investigações sobre condutas atribuídas a Bolsonaro no contexto das relações institucionais com outros países e da tentativa de pressionar órgãos de Estado, como forma de influenciar julgamentos.

Defesa de Bolsonaro aguarda acesso integral à decisão

O advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa do ex-presidente, confirmou que o celular de Bolsonaro foi apreendido e que ele já foi informado da instalação da tornozeleira eletrônica. O advogado também esclareceu que ainda aguarda acesso completo à decisão judicial que motivou as medidas executadas nesta sexta-feira.

Estou pedindo ao STF acesso integral à decisão sobre as medidas judiciais de hoje. Ele só irá se manifestar depois disso”, declarou Vilardi. A defesa também informou que, por ora, não houve determinação para que Bolsonaro preste depoimento imediato. O advogado reforçou que um eventual interrogatório só ocorrerá caso a PF julgue necessário a partir do resultado das buscas realizadas nesta manhã.

Após a instalação da tornozeleira eletrônica, Bolsonaro deve retornar à sua residência e cumprir todas as determinações de recolhimento domiciliar e restrição de comunicação.

De acordo com a Polícia Federal, a operação tem como alvos crimes relacionados a coação no curso do processo, obstrução de Justiça e ataques à soberania nacional. As ações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, com o aval da PGR, e têm relação direta com investigações que apuram articulações envolvendo o ex-presidente.

Contexto da investigação

A nova etapa da operação surge em meio a apurações sobre supostos ataques às instituições brasileiras e a tentativa de manter articulações internacionais mesmo após o término do mandato presidencial. O Supremo Tribunal Federal vem endurecendo medidas cautelares contra Bolsonaro após o avanço de inquéritos que apuram desde atos antidemocráticos até possíveis crimes de desinformação e tentativa de manipular processos institucionais.

A proibição de uso das redes sociais e de contato com diplomatas reforça o caráter das investigações, que miram em ações que poderiam ter desdobramentos internacionais ou reforçar narrativas que ainda alimentam discursos contrários ao funcionamento das instituições brasileiras.

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