Brasil e China em parceria: diálogo pela paz na Ucrânia e compromissos globais

Brasil e China em parceria: diálogo pela paz na Ucrânia e compromissos globais
Ricardo Stuckert

Duas declarações conjuntas marcaram a visita oficial do presidente Lula à China. Os documentos abordam temas cruciais da geopolítica global, incluindo a busca pela paz na Ucrânia e a defesa do multilateralismo. O evento consolidou ainda mais os laços, como visto em Brasil e China fortalecem laços econômicos com acordo de swap cambial.

Paz na Ucrânia: um apelo conjunto

Em uma das declarações, Brasil e China manifestaram apoio à proposta de negociação de paz apresentada pelo presidente russo, Vladimir Putin, em 10 de maio. O documento também reconhece a postura do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que segundo o texto, também busca uma solução pacífica para o conflito. A declaração conjunta ressalta a necessidade de um diálogo direto entre as partes beligerantes, como única via para a resolução do conflito, avaliando positivamente os sinais recentes de abertura para negociações e expressando a expectativa de um acordo de paz duradouro e justo, vinculante a todas as partes. Essa tentativa de mediação remete a outras iniciativas, como Brasil e China tentam costurar a paz na Ucrânia.

Multilateralismo, sustentabilidade e a reforma da ONU

A segunda declaração aborda temas mais amplos, incluindo a busca por paz e estabilidade no Oriente Médio, com apoio ao Plano de Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza, aprovado pela Liga Árabe em março de 2025. Brasil e China instam a comunidade internacional a promover a implementação do cessar-fogo e o alívio da crise humanitária em Gaza, buscando uma solução definitiva para o conflito entre Israel e Palestina. A declaração reitera o apoio à solução de dois Estados, com um Estado Palestino independente e viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro das fronteiras de 1967, incluindo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, com Jerusalém Oriental como capital. O documento também manifesta repúdio absoluto ao terrorismo e a todos os atos de violência.

A declaração conjunta defende o multilateralismo, a equidade e a justiça internacionais, rejeitando o unilateralismo, o protecionismo e a busca por hegemonia. A reforma da ONU também é defendida, visando uma organização mais democrática e representativa. A China reconhece a importância do Brasil na arena internacional e apoia sua aspiração a um papel maior na ONU, inclusive no Conselho de Segurança. O documento defende ainda uma reforma abrangente da arquitetura financeira internacional para ampliar a influência dos países em desenvolvimento. Alckmin defende multilateralismo e comércio internacional na Automec 2025.

O Brasil, por sua vez, reiterou seu compromisso com o princípio de “uma só China”, reconhecendo Taiwan como parte inseparável do território chinês e manifestando apoio aos esforços chineses para a reunificação nacional pacífica. Este ponto recebeu grande apreço da parte chinesa.

Combate ao protecionismo e investimentos

As declarações criticam as guerras comerciais e tarifárias, defendendo um comércio justo baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). A cooperação entre países do Sul Global é reforçada, com ênfase no desenvolvimento humano, na redução da pobreza e em medidas para a educação, saúde e desenvolvimento sustentável. Diversas parcerias em áreas como finanças, saúde, infraestrutura, inteligência artificial, ciência, tecnologia, meio ambiente e setor naval foram destacadas. A governança global do ciberespaço e o combate à desinformação também foram pontos importantes nas declarações.

Em visita oficial, Lula destacou que guerras comerciais não possuem vencedores. Ele enfatizou a necessidade de um comércio justo e baseado nas regras da OMC, juntamente com o presidente Xi Jinping. Mais de 20 acordos de cooperação foram assinados entre Brasil e China, abrangendo áreas como inteligência artificial, agricultura, economia digital, mineração sustentável e protocolos sanitários. A China comprometeu-se a aumentar em US$ 27 bilhões seus investimentos no Brasil, principalmente em infraestrutura e tecnologia, com impacto também na área de educação. Um exemplo dessa parceria é o Governo Lula anuncia parceria de R$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil.

A Celac e a China também assinaram um plano de ação conjunto, definindo acordos de cooperação em diversos setores econômicos, incluindo saúde, infraestrutura, agropecuária, indústria sustentável, tecnologia da informação, energia, cinema e telecomunicações. Um foco especial foi dado à promoção da inovação científica e tecnológica, ao combate às mudanças climáticas e a diversos crimes, como terrorismo e tráfico. A China se comprometeu a enviar fundos de crédito estimados em 66 bilhões de yuans (equivalente a R$ 51 bilhões) para os países da Celac, além de oferecer bolsas de estudo e oportunidades de treinamento.

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