Resumo da Notícia
O adeus à Nissan Frontier fabricada na Argentina simboliza o fim de uma parceria industrial que durou quase uma década. Nesta quinta-feira (9), a linha de produção da picape média foi oficialmente encerrada na tradicional fábrica de Santa Isabel, em Córdoba, marcando o ponto final de um projeto que começou em 2015 e chegou ao limite em meio a tensões com fornecedores e mudanças estratégicas globais da marca japonesa.
O último exemplar saiu da linha de montagem às 13h15, em um clima de despedida. A imagem da derradeira unidade se tornou o registro de um ciclo que vinha sendo anunciado desde março, quando a Nissan confirmou que concentraria toda a produção de picapes no México. A decisão foi acelerada por problemas no fornecimento de peças, que impediram a conclusão de unidades previstas até novembro.
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O plano original previa o encerramento para o fim do ano, mas o corte foi antecipado. Fornecedores locais, em rota de colisão com a montadora, interromperam a entrega de componentes. O desfecho estava traçado desde 2024, e o comunicado oficial apenas formalizou uma saída industrial que já era esperada no setor automotivo argentino.
Em nota, a Nissan reforçou que a mudança faz parte do plano global “Re:Nissan”, voltado para enxugar custos e melhorar a rentabilidade. Com isso, a filial argentina deixa de ser uma montadora e passa a atuar exclusivamente como importadora — uma estratégia semelhante à adotada pela Ford no Brasil. O novo ciclo da marca no país começa com o SUV Nissan Kicks, produzido em Resende (RJ).
O impacto social da decisão já começou a ser sentido: cerca de 300 trabalhadores aceitaram planos de demissão voluntária ou aposentadoria antecipada, enquanto outros 400 foram suspensos até a chegada de um novo projeto liderado pela Renault. A produção de Frontier e Renault Alaskan dividia estrutura e mão de obra na planta de Santa Isabel.
A Alaskan, que nunca chegou a ser vendida no Brasil, também teve sua linha descontinuada sem sucessora imediata. A Renault, no entanto, continuará operando a fábrica, apostando agora em um novo produto: a futura picape intermediária Niagara, derivada do conceito homônimo, prevista para 2026 e posicionada para enfrentar Fiat Toro, Ram Rampage e Chevrolet Montana.
Essa nova picape será construída sobre a plataforma do Renault Kardian e do Renault Boreal, com motorização 1.3 turbo de até 163 cv. Segundo Pablo Sibilla, presidente da Renault Argentina, o modelo será estratégico para manter viva a operação de Córdoba e consolidar a presença da marca na América Latina.
Do lado da Nissan, a Frontier passará a chegar importada do México com atualização visual, mas sem mudanças estruturais ou eletrificação — pelo menos por enquanto. A próxima geração, com eventuais avanços tecnológicos, só virá nos próximos anos, possivelmente com participação da Mitsubishi.
Com o fim da produção local, encerra-se também uma etapa da aliança Renault-Nissan na Argentina. O projeto que um dia prometeu criar sinergias regionais se despede com uma fábrica em transição, centenas de trabalhadores em incerteza e uma nova rota industrial voltada à importação.
A fábrica de Santa Isabel, que já foi um símbolo de integração entre marcas e países, inicia agora um novo ciclo sob comando da Renault, enquanto a Nissan mira mercados globais para sustentar sua operação. A Frontier continuará rodando nas estradas latino-americanas, mas sua história na Argentina termina com uma despedida silenciosa, marcada mais por pragmatismo do que por celebração.



